Em consonância com as manifestações que ocorreram em diversas cidades do país, Juiz de Fora sediou, neste domingo (26), ato em apoio ao Governo federal. Vestidos de verde e amarelo, milhares de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se manifestaram pelas ruas do Centro com apitos e faixas, defendendo propostas do Governo, como as reformas da Previdência e administrativa e o pacote anticrime. Organizada em Juiz de Fora por grupos como o Direita Minas, o Direita JF e o Família de Direito, a ação também tinha como objetivo convocar a população para participar e divulgar abaixo-assinado que defende a aprovação de pautas do governo e que será encaminhado ao Congresso. O ato em Juiz de Fora contou com a presença do deputado federal Charlles Evangelista e da deputada estadual Sheila Oliveira, ambos do PSL, mesmo partido do presidente.
Marcada para iniciar às 10h, a mobilização começou a ganhar corpo por volta das 9h30, quando famílias e pessoas de todas as idades começaram a chegar. Por volta das 10h43 o ato foi oficialmente iniciado, com a execução do Hino Nacional e uma oração, logo após um minuto de silêncio. A expectativa inicial da organização era permanecer no Parque Halfeld, entretanto, diante da adesão dos manifestantes, o grupo desceu a Rua Halfeld, passando pelo Calçadão e pela Rua Batista de Oliveira, seguindo o mesmo trajeto feito pelo presidente Jair Bolsonaro durante campanha eleitoral em Juiz de Fora no dia 6 de setembro, quando foi esfaqueado na cidade. No local onde ocorreu o atentado, (na esquina da Halfeld com a Batista de Oliveira), os manifestantes pararam e fizeram um minuto de silêncio. Em seguida, oraram e destacaram o posicionamento contra o aborto, a ideologia de gênero, a sexualização infantil e contra o movimento socialista.
Com uma grande faixa verde e amarela, manifestantes caminharam em direção à Rua Batista de Oliveira. Organizadores da mobilização fizeram uso da palavra e defenderam a implantação de projetos propostos pelo Governo, que têm encontrado obstáculos na Câmara dos Deputados e no Senado. Em sua fala, a coordenadora do Direita Minas, Roberta Lopes, afirmou que o objetivo da manifestação e do abaixo-assinado é garantir a aprovação dos projetos. “Nós elegemos em outubro de 2018 um projeto de Governo e o Bolsonaro está tentando implementar esse projeto. Mas alguns agentes têm tentado impedir, através de complôs e conspirações, que essas votações deem continuidade e que esses projetos sejam implementados no Brasil, pois essas pessoas e deputados irão perder benefícios caso sejam aprovados”, disse Roberta.
O protesto cobrou ainda a consolidação da chamada “CPI da Lava Toga”, para apurar suposto ativismo por parte de integrantes do Poder Judiciário e contra o que a publicação chama de “aparelhamento” do Supremo Tribunal Federal e do bloco político-partidário formado no Congresso Nacional, conhecido como Centrão.
Usando apitos e buzinas, os manifestantes partiram do Parque Halfeld em direção à Praça da Estação, entretanto, devido à programação do Corredor Cultural, o trajeto precisou ser modificado, passando pela Rua Paulo Frontin. O ato foi encerrado na Praça Antônio Carlos.
Durante a passeata, algumas ruas tiveram o trânsito interditado para a passagem dos manifestantes. A Polícia Militar acompanhou o grupo, durante todo o trajeto.
Abaixo-assinado
Ao final, sob gritos de “a nossa bandeira jamais será vermelha”, os organizadores reforçaram os propósitos do ato, e convocaram a população a assinar, ao longo da semana, o abaixo-assinado reforçando as propostas do Governo do presidente Jair Bolsonaro. As assinaturas serão encaminhadas ao Congresso nacional a fim de que as pautas de reforma da Previdência, apresentada pelo ministro Paulo Guedes; a Medida Provisória 870, que trata da reforma administrativa proposta pelo presidente; e o pacote anticrime, defendido pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, sejam aprovadas. O grupo pretende reunir de 3 mil a 5 mil assinaturas somente em Juiz de Fora.
Manifestações em cidades por todo o país
Mobilizações de apoio ao Governo federal foram convocadas, pelas redes sociais, em cerca de 312 municípios brasileiros, segundo informações da Agência Estado. Conforme números atualizados por volta das 16h de domingo, houve mobilizações em pelo menos 18 estados e no Distrito Federal. As capitais Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro tiveram grande público. Houve manifestações também em Belém, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, São Luís, Salvador, Recife, Maceió, Vitória, Fortaleza e Natal.
Em alguns municípios, apesar de parte da direita não defender as críticas ao Supremo Tribunal Federal, alguns manifestantes pediam a instauração da CPI da “Lava Toga”, uma comissão parlamentar de inquérito para investigar o “ativismo judicial” em tribunais superiores, conforme a Agência Estado.
Foi o que ocorreu em Juiz de Fora e em Brasília, onde, conforme a Agência Estado, um grupo de pessoas em um dos trios elétricos se fantasiou de lagosta, em forma de protesto ao edital do STF que prevê refeições com lagosta e vinhos com premiação internacional. Entre os gritos de defesa de pautas encampadas pelo governo, como a reforma da Previdência e o pacote anticrime e anticorrupção, o STF se tornou alvo.
No início deste domingo, o estado de São Paulo liderava o número de municípios com manifestações programadas, com 63 cidades. Minas era o segundo, com 39 atos previstos. A expectativa era de que mobilizações acontecessem também em dez cidades no exterior, sendo seis nos Estados Unidos.
“Povo está indo às ruas em defesa do futuro da nação”
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, no Rio de Janeiro, que a população está indo às ruas neste domingo para defender o futuro do país. “Hoje, por coincidência, é um dia em que o povo está indo às ruas não para defender o presidente, um político ou quem quer que seja. Ele está indo para defender o futuro desta nação, uma manifestação espontânea com uma pauta definida, com respeito às leis e às instituições, mas com firme propósito de dar um recado àqueles que teimam, por velhas práticas, não deixar que esse povo se liberte”, afirmou, durante culto na Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Dirigindo-se aos cerca de 4 mil fiéis que lotavam a Igreja, Bolsonaro disse que, pela primeira vez na história do Brasil, há um presidente eleito que está cumprindo o que prometeu durante a campanha. “As palavras na política nem sempre representam a prática. Nós estamos casando a palavra com a prática, [e] os problemas se avolumam. Nós estamos mudando o paradigma, mudando a forma de se apresentar junto a vocês, 208 milhões de pessoas às quais eu devo [ser] obediente, devo lealdade, devo o norte que tem que ser dado para o futuro do nosso Brasil.” As informações são da Agência Brasil.
Twitter
Conforme a Agência Estado, dias após dizer que não participaria das manifestações em seu favor neste domingo, o presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para divulgar os atos que acontecem ao redor do Brasil. A conta do presidente trouxe três vídeos de manifestantes nas cidades do Rio de Janeiro, em São Luís, no Maranhão, e em Juiz de Fora.