Fogo destrói área equivalente a 7 campos de futebol no Morro do Cristo em JF
02/08/2019 06:22 em REGIÃO

 

Um incêndio de grandes proporções atingiu a vegetação do Morro do Imperador, nesta quinta-feira (1º). O fogo teve início no período da manhã, por volta das 9h30, e se estendeu ao longo do dia, mobilizando 12 bombeiros militares, cinco veículos da corporação, um helicóptero e 20 mil litros de água para debelar as chamas. A estimativa é de que entre 40 mil e 50 mil metros quadrados de vegetação tenham sido consumidos pelo fogo, o que corresponde, aproximadamente, a sete campos de futebol. Ao mesmo tempo, os militares também tiveram que combater outro incêndio em uma mata do Bairro Recanto dos Lagos, na Zona Nordeste, onde oito bombeiros atuaram. Até o final do dial, o corporação não tinha como contabilizar a extensão da área atingida.

Em ambos os casos não houve feridos. Os trabalhos foram finalizados por volta das 16h, mas as áreas continuaram sendo monitoradas até as 18h, a fim de evitar que novos focos surgissem. As duas ocorrências se somam aos cerca de 200 registros de queimadas já computadas pelo Corpo de Bombeiros em Juiz de Fora desde o início deste ano. No Morro do Imperador, as chamas começaram na parte inferior e se espalharam rapidamente, destruindo as árvores abaixo do Mirante do Cristo. A fumaça invadiu a área do parquinho infantil, localizado no mirante, impossibilitando a presença de pessoas no espaço. Ela também foi sentida por moradores dos prédios e casas no entorno, como na Avenida Olegário Maciel. Residentes dessas áreas que entraram em contato com a redação da Tribuna relataram ardência nos olhos, secura e coceira na garganta, além da presença de muita fuligem pelo entorno das casas. “Tive que manter as janelas fechadas e passar a manhã inteira varrendo a casa para tirar essa matéria preta trazida pela fumaça”, contou uma das leitoras. Segundo os bombeiros, devido às duas ocorrências foram recebidos mais de 220 acionamentos via 193.

O Morro do Imperador é considerado área de preservação permanente (APP), ou seja, sua função ambiental é preservar recursos hídricos, paisagem, estabilidade geológica, biodiversidade, fluxo gênico de fauna e flora, proteção do solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Local de difícil acesso

O assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, capitão Acácio Tristão, explicou que, apesar do êxito da ação de combate às chamas, o local do incêndio no Morro do Imperador apresentou diversas dificuldades para os bombeiros. “Primeiro, é a inclinação do terreno, que é um talude bem íngreme, com pontos chegando a 90 graus de inclinação. Há ainda a presença de pedras, o que dificulta o acesso dos militares. O combate feito com água fica bem difícil, uma vez que nossos caminhões não conseguem acesso para algumas partes; e o tipo de vegetação, que é de pastagem com bambus, associado ao calor, à incidência de ventos e à baixa umidade, configura um cenário difícil de atuação”, avaliou o capitão.

Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros Yuri Éder, que trabalhou no local debelando as chamas, por ser um local íngreme e com muitas pedras, o combate começou a ser feito pela parte de baixo. “No entanto, em virtude do risco, da vegetação seca, do vento, preferimos mudar a estratégia e fazer o combate pela parte de cima, uma vez que o incêndio se propagou. A opção foi por preservar as edificações. Continuamos a fazer o combate ao incêndio, tentando confiná-lo e extingui-lo por total”, afirmou, acrescentando que a corporação, durante suas ações contra o fogo, tentou utilizar um hidrante localizado no mirante do Morro do Imperador. Todavia, o equipamento estava emperrado, impedindo o seu uso. “Apesar disso, tinha água o bastante em nossos caminhões e, por isso, não houve prejuízo ao nosso trabalho”, disse o tenente, acrescentando que a corporação irá encaminhar ofício para a Cesama, a fim de que providências sejam tomadas.

A Cesama informou que esteve no local, nesta quinta, e verificou que lá existem dois registros. Segundo a companhia, o que foi citado pelo Corpo de Bombeiros, na verdade, é o registro utilizado para manobras no sistema de abastecimento da região. O outro, que atende ao hidrante, está operando normalmente, conforme verificado pela equipe da Cesama.

Ocorrência será encaminhada para investigação

De acordo com o assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, capitão Acácio Tristão, nesta época do ano, há a associação de quatro fatores fundamentais para o aumento das queimadas. “A umidade relativa do ar devido ao longo período sem chuvas, a temperatura, que na parte da tarde aumenta, e também o crescimento da incidência de ventos, que se somam à irresponsabilidade das pessoas que ainda utilizam o fogo de forma errada e sem os cuidados necessários. Tudo isso contribui para essas grandes queimadas que têm ocorrido diariamente”, ressaltou o militar.

O capitão afirmou que, nos casos como o do Morro do Imperador, é difícil apontar como o fogo começou, mas ele observou que é praticamente impossível um incêndio começar de forma natural e espontânea. “Tem a ação do homem, às vezes, que não tem a intenção de provocar incêndio, mas, por conta de um descuido como jogar um ponta de cigarro acesa, acender uma vela ou fazer uma fogueira, acaba contribuindo para a queimada”, enfatizou o assessor, afirmando que a ocorrência foi registrada e será comunicada às autoridades competentes para investigação.

O militar destacou que as pessoas que praticam as queimadas são criminosas, pois estão cometendo delito previsto na Lei de Crimes Ambientais. “Se pegos em flagrantes, esses indivíduos são responsabilizados. As pessoas que observarem alguém atuando para que uma queimada aconteça pode denunciar através do 181, que é o canal para denúncias anônimas, bem como o 190 e o 193”, orientou.

Cuidados com a fumaça

Como houve queixas de moradores em razão da fumaça, o assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, capitão Acácio Tristão, alertou que, nos casos como o desta quinta, as pessoas devem fechar as janelas para minimizar a entrada de fumaça nas residências. “Pode-se ainda tomar cuidados como, em ambiente ressacados, procurar passar pano úmido e usar umidificadores para ajudar na respiração. Além disso, é preciso conversar com os vizinhos para a conscientização de que não se pode usar fogo. Às vezes, sem querer, a pessoa coloca fogo num resto de vegetação que foi varrida e perde o controle e acontece uma grande queimada”, alerta.

Previsão de chuva para domingo e segunda

O acumulado de chuvas em Juiz de Fora, em julho deste ano, foi o menor registrado desde agosto de 1991. Desta forma, o município enfrentou, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o período mais seco em 28 anos. Nos últimos 31 dias, choveu na cidade apenas em duas ocasiões, nos dias 5 e 6, que somaram 4,7 milímetros de precipitações. O menor índice no período, até então, pertencia aos 4,8 milímetros observados no início da década de 90. A previsão de tempo até sábado (3), segundo o Inmet, é de tempo seco e sem a ocorrência de precipitações. Já, entre domingo e segunda-feira, há previsão de chuva.

 

Fonte: Tribuna de Minas

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