O primeiro dia de 2020, por exemplo, começou com uma tragédia em Guapé, no Sul de Minas. Uma cabeça d’água em um complexo de cachoeiras do Parque Ecológico do Paredão, a 15 quilômetros da cidade, deixou pelo menos três mortos. Várias pessoas foram levadas pela enxurrada e dezenas de turistas ficaram ilhados.
O fenômeno acontece quando há rápida elevação do nível de água depois de um temporal somado ao forte calor e alta umidade do ar.
De acordo com o meteorologista Lizandro Gemiacki, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume de água pode subir vários metros em pouco tempo, formando uma enxurrada destruidora, sem dar tempo suficiente para que banhistas fujam ou busquem abrigo.
“É uma chuva que acontece nas cabeceiras dos rios e faz com que as cachoeiras levantem o nível rapidamente, pegando as pessoas desprevenidas. É uma tempestade intensa e ocorre como se fosse uma onda arrastando tudo que vem pela frente”, explicou Gemiacki.
A orientação é afastar-se das margens, na medida do possível, e seguir para uma área elevada, até que o fluxo se normalize.
O problema é que o fenômeno repentino é difícil de prever. “Podem surgir alguns sinais. A água começa a ficar mais suja, por exemplo. Mas é tudo muito rápido e isso dificulta a ação dos turistas”, destacou.
O meteorologista Lizandro Gemiacki destaca que tanto a cabeça d’água quanto a tromba d’água são comuns na primavera ou no verão, estações com maior ocorrência de tempestades
Diferenças
Mesmo apresentando características parecidas, há algumas diferenças entre cabeça d’água e tromba d’ água.
A primeira ocorre em rios ou cachoeiras, quando há uma rápida elevação do nível nesses locais. Acontece a partir da intensidade de chuvas da cabeceira, o que influencia no percurso de deságue.
Já a tromba d’água, um termo mais popular, se parece com um tornado. A água é elevada para o ar no formato de um cone, mas tem menor intensidade e ocorre sobre superfícies líquidas, como mar ou rio.
A intensidade dos ventos e a formação de nuvens de tempestade são alguns sinais que aparecem antes do fenômeno.
Mais casos
Ocorrências semelhantes a registrada nesta quarta-feira (1º) em Guapé já fizeram outras vítimas em Minas. Em 22 de dezembro de 2018, cinco pessoas morreram quando o nível de uma cachoeira em São João Batista do Glória, também no Sul do Estado, subiu.
O único sobrevivente do grupo que estava no local, um homem, de 36, conseguiu escapar escalando um paredão e se agarrando às pedras para não ser levado pela correnteza. Ele ficou desaparecido durante três dias.
Em 1º de janeiro do ano passado, 11 pessoas ficaram ilhadas em uma cachoeira na Serra do Cipó, na região Central de Minas, após uma chuva na cabeceira do rio.
Aos bombeiros, os banhistas, que estavam em uma pedra, contaram que a água subiu repentinamente, e o acesso à margem não foi mais possível. Ninguém ficou ferido.
No dia seguinte, outro temporal deixou nove pessoas presas também em uma cachoeira na Serra do Cipó. Elas não conseguiram atravessar uma trilha depois da elevação repentina do nível da água.
Fonte: Hoje em Dia