De acordo com a Funerária Ubaense, o corpo de Paschoal chegou em Ubá por volta de 1h desta sexta. Ele morreu após uma parada cardiorrespiratória.
Paschoal era morador de Ubá e estava na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora em estado grave. O homem foi internado na unidade no dia 31 de dezembro após apresentar insuficiência renal e alterações neurológicas.
O paciente apresentava os mesmos sintomas de outras sete pessoas que estão internadas em hospitais de Belo Horizonte e ainda não tiveram a doença identificada.
Em nota, a SES-MG comunicou com pesar a morte de um dos pacientes que estão sendo investigados pelos CIEVS. A pasta também afirmou que as investigações seguem em curso e estão sendo realizadas por uma força-tarefa composta por técnicos da SES-MG, da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e do Ministério da Saúde.
Nesta sexta, a Cervejaria Backer decidiu retirar dois lotes da cerveja Belorizontina de circulação. Na quinta (9), um laudo da Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a presença de uma substância tóxica em duas garrafas de cerveja da marca, que foram encontradas em casas de pacientes internados com sintomas de uma síndrome desconhecida. Trata-se do dietilenoglicol, usado em serpentinas no processo de refrigeração de cervejas.
Sete pessoas estão internadas com sintomas em hospitais particulares em Belo Horizonte e em Nova Lima, na região metropolitana. As cervejas são dos lotes L1 1348 e L2 1348. A polícia informou que o laudo ainda é preliminar e que não há como confirmar a responsabilidade da empresa no caso. Ele foi realizado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil.
Após a constatação da presença da substância, agentes estiveram na sede da Backer, no Bairro Olhos D'Água, na Região Oeste de Belo Horizonte, nesta quinta. A empresa disse que colabora com as investigações. Um inquérito foi aberto para apurar se há crimes ligados ao caso e as circunstâncias da morte de um dos pacientes.
Consumidores que tiverem cervejas destes lotes não devem consumi-las. Elas podem ser encaminhadas às autoridades.
Mensagens se espalharam pela internet de que essas pessoas teriam comprado a cerveja Belorizontina em supermercados do Bairro Buritis. Na quarta-feira (8), a empresa Backer, que fabrica o produto, negou que a bebida possa ter relação com os sintomas apresentados pelos pacientes e declarou que as mensagens são mentirosas. A empresa disse ainda que a substância encontrada não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina.
Em nota a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) disse que "reforça a informação da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) de que as hipóteses para o surgimento da síndrome nefroneural ainda não foram esclarecidas. Ressaltamos que as normas para abertura e manutenção de fábricas de cervejas são bastante rigorosas a fim de evitar qualquer dano a saúde".
De acordo com o presidente da Abracerva, Carlo Lapolli, o glicol é usado em um circuito fechado para gelar os tanques e não tem contato direto com o produto. Segundo ele, a maioria das cervejarias usa água filtrada com álcool puro.
Leia abaixo o laudo da perícia
"Informo que nas duas amostras de cerveja encaminhadas pela vigilância sanitária do Município de Belo Horizonte (cerveja pilsen marca " Belorizontina" lotes L1 1348 e L2 1348) foi identificada a presença da substância dietilenoglicol em exames preliminares. Ressalto que estas garrafas foram recebidas lacradas e acondicionadas em envelopes de segurança da vigilância sanitária municipal n. 0024413 e 0021769, respectivamente".
De acordo com a Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a notificação do caso de Paschoal ocorreu no último dia 31 de dezembro e foi o segundo registrado. Pesquisas de Arboviroses, Febres Hemorragicas, Infecções bacterianas e fungicas sistêmicas, Doenças Neurolinvasivas, intoxicações exógenas, dentre outras, foram realizadas.
Todos os pacientes apresentaram insuficiência renal aguda de rápida evolução (até 72 horas) e alterações neurológicas centrais e periféricas. A Secretaria destaca que a média entre o início dos primeiros sintomas e a internação dos pacientes foi de 2,5 dias.
Em nota enviada à reportagem, a SES-MG afirmou que os casos devem ser imediatamente notificados (em até 24 horas) ao CIEVS BH (casos de Belo Horizonte) e CIEVS Minas (casos do restante do estado). Veja abaixo a nota na íntegra.
“Em 30 de dezembro de 2019, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Minas) foi notificado da ocorrência de um caso de insuficiência renal aguda com alterações neurológicas de um paciente internado em hospital privado de Belo Horizonte. Em 31 de dezembro, foi notificado um segundo caso, com os mesmos sintomas, de um paciente internado em hospital de Juiz de Fora. A partir dessas notificações foi desencadeada uma investigação conjunta do CIEVS Minas e CIEVS BH com o objetivo de esclarecimento diagnóstico e busca de novos casos. Até 6 de janeiro de 2020, foram notificados 7 casos suspeitos, com início de sintomas mais precoce datado de 19 de dezembro de 2019. São pacientes do sexo masculino, com idade entre 23 e 76 anos, 5 residem em Belo Horizonte, 1 em Ubá e 1 em Nova Lima; 6 deles internados em hospitais da região metropolitana de Belo Horizonte e 1 em Juiz de Fora. A média de dias entre o início dos primeiros sintomas e a internação foi de 2,5 dias. Todos com insuficiência renal aguda de rápida evolução (até 72 horas) e alterações neurológicas centrais e periféricas. Exames laboratoriais estão sendo realizados na Fundação Ezequiel Dias (FUNED) e ainda não há resultados conclusivos.
Devem ser imediatamente notificados (em até 24 horas) ao CIEVS BH (casos de Belo Horizonte) e CIEVS Minas (casos do restante do estado), pelo telefone e por e-mail, os casos ocorridos a partir de primeiro de dezembro de 2019 que iniciaram com sintomas gastrointestinais (náusea e/ou vômito e/ ou dor abdominal) associados à insuficiência renal aguda grave de evolução rápida (até 72 horas) seguida de uma ou mais alterações neurológicas: paralisia facial, borramento visual, amaurose, alteração de sensório e paralisia descendente”.
Fonte: G-1 Zona da Mata