O estudo, claro, é uma projeção e o cenário pode se alterar nos próximos dias, a depender das ações da população e do poder público. “Para saber com precisão qual será o efeito das medidas de contenção sobre a taxa de transmissão da epidemia, será necessário observar seu efeito durante alguns dias", afirma o professor e pesquisador Ricardo Hiroshi Takahashi Caldeira, do Departamento de Matemática, que atua como coordenador do grupo de trabalho.
O modelo matemático foi construído a partir de parâmetros do comportamento do novo coronavírus na China. A situação no Brasil tende a ser diferente, pois ainda se está verificando como é o comportamento do vírus em nosso território, já que há questões ambientais, climáticas e culturais que influenciam no avanço da epidemia.
"Não sabemos qual será o valor da taxa de transmissão obtida com as medidas de contenção atualmente tomadas. Só será possível saber dentro de alguns dias, quando tivermos uma série de número de casos capaz de permitir a medição dessa taxa”, diz o professor.
Mesmo que indique a real necessidade de um isolamento social, o modelo matemático não permite prever, ainda, por quanto tempo vai durar a epidemia na cidade ou por quanto tempo devem ser mantidas as medidas de distanciamento social.
Isolamento em todo o país
O estudo dos pesquisadores das universidades mineiras apresenta resultado em consonância com outro realizado por cientistas da Imperial College, de Londres. Conforme levantamento do instituto inglês, o isolamento social em todo o Brasil, neste momento, pode salvar mais de um milhão de vidas. Confira os cenários previstos pelo levantamento para o país:
Cenário 1 (sem medidas de mitigação)
População total: 212.559.409
População infectada: 187.799.806
Mortes: 1.152.283
Indivíduos com necessidade de hospitalização: 6.206.514
Indivíduos com necessidade de internação em UTI: 1.527.536
Cenário 2 (com distanciamento social de toda a população)
População infectada: 122.025.818
Mortes: 627.047
Indivíduos com necessidade de hospitalização: 3.496.359
Indivíduos com necessidade de UTI: 831.381
Cenário 3 (com distanciamento social e reforço do distanciamento dos idosos)
População infectada: 120.836.850
Mortes: 529.779
Indivíduos com necessidade de hospitalização: 3.222.096
Indivíduos com necessidade de UTI: 702.497
Cenário 4 (Com supressão tardia)
População infectada: 49.599.016
Mortes: 206.087
Indivíduos necessitando hospitalização: 1.182.457
Indivíduos necessitando UTI: 460.361
Demanda por hospitalização no pico da pandemia: 460.361
Demanda por leitos de UTI no pico da pandemia: 97.044
Cenário 5 (com supressão precoce)
População infectada: 11.457.197
Mortes: 44.212
Indivíduos necessitando hospitalização: 250.182
Indivíduos necessitando UTI: 57.423
Demanda por hospitalização no pico da pandemia: 72.398
Demanda por leitos de UTI no pico da pandemia: 15.432
Fonte: Hoje em Dia