Hotéis entram na lista de serviços essenciais do Minas Consciente
REGIÃO
Publicado em 22/05/2020

 

A rede hoteleira passa a compor a lista de serviços considerados essenciais pelo Governo estadual, por meio do plano Minas Consciente, que possibilita a retomada das atividades de setores produtivos de forma setorizada. A informação foi repassada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Rômulo Veiga, em entrevista à rádio CBN nesta quinta-feira (21). Conforme o representante da pasta, a medida foi possível após deliberações do Comitê Extraordinário Covid-19 da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) por meio de uma ação conjunta entre empresários do setor, Juiz de Fora e Região Convention e Visitors Bureau e da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis de Minas Gerais.

O Minas Consciente divide as atividades econômicas em quatro “ondas”: onda verde, que permite o funcionamento de atividades essenciais; onda branca, atividades de baixo risco; onda amarela, atividades de médio risco; e onda vermelha, atividades de alto risco. Com as novas deliberações, os hotéis saem da onda vermelha, de alto risco, e passam a compor a onda verde do programa. “Os hotéis, inicialmente, estavam excluídos como atividades essenciais, o que diverge do entendimento do Município de Juiz de Fora, uma vez que os hotéis, inclusive, vêm sendo utilizados em diversos lugares como equipamento de enfrentamento à Covid-19”, explicou o secretário.

Isto porque os estabelecimentos podem ser usados para a estadia de equipes médicas, expostas diariamente aos riscos do novo coronavírus, de forma a evitar a transmissão para seus familiares. Com este entendimento, a PJF levou a sugestão ao Governo estadual, que deliberou no Comitê Extraordinário e aderiu à proposta. “Ontem (quarta-feira, 20), nos passaram que o pleito foi acolhido, e hotéis vão ser vistos, agora, como atividades essenciais também”, disse Veiga durante a entrevista. “Levamos esse pleito entendendo que os hotéis fechados traziam mais riscos ao combate ao Covid-19 do que qualquer benefício.”

Vários indicadores para mudança de onda

O plano estadual define uma série de indicadores de capacidade assistencial e de incidência da pandemia, que deverão ser cumpridos para a transição de uma onda para outra. Questionado sobre as taxas de ocupação de leitos de UTI no município e como podem contribuir para o processo de retomada das atividades econômicas, o titular da Sedeta, Rômulo Veiga, destacou que os números dos leitos não são os únicos fatores a serem levados em conta. Pelo SUS, Juiz de Fora começou o enfrentamento ao coronavírus com 108 leitos de UTIs. Hoje, conta com 154, aumentando em 40% a capacidade do Município. Somando também os leitos da rede privada, atualmente, a cidade tem 245 leitos de UTIs no total.

“Toda vez que amplio leito – que é uma coisa positiva -, cai a taxa de ocupação, mas não significa que a situação epidêmica está melhor. O que vai dizer são outros indicadores, como a curva de casos, e a curva de casos em Juiz de Fora continua crescente. “Conforme o secretário, é preciso levar em conta o número de casos antes de mudar de onda do plano Minas Consciente. “É necessário, primeiro, que a curva de casos incline para baixo. Não só desacelere, mas que comece a mostrar menos casos novos semanais para dar segurança de que o pico epidêmico acabou.”

De acordo com decreto municipal, que oficializou a adesão de Juiz de Fora ao Minas Consciente e estabeleceu os procedimentos operacionais, a Secretaria de Saúde será responsável por monitorar os indicadores epidemiológicos e a capacidade assistencial de saúde do município – proporção de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) ocupados, tempo médio de atendimento às solicitações de internações em leitos de UTI, comportamento da curva de casos confirmados e estimados, entre outros.

Onda vermelha surpreendeu segmento

Como pontuou Veiga, a solicitação em relação ao funcionamento dos hotéis partiu de discussões com a rede hoteleira da cidade, além de estudos da Administração Municipal para estruturar ações com estes estabelecimentos. À reportagem, o coordenador-executivo do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora, Rogério Barros, informou que, quando houve a divulgação do plano Minas Consciente, a categoria ficou “surpresa” pelos hotéis serem incluídos na onda vermelha. “Os hotéis, hoje, estão imprescindíveis para a classe médica, além de haver pessoas que habitam esses lugares.”

Segundo Barros, o sindicato buscou interferência da Prefeitura junto ao Governo estadual para solucionar a questão. “Aqui não está se falando em ganhar dinheiro. No momento, a preocupação dos hotéis é de prestar o serviço à sociedade médica e àquelas pessoas que não tenham onde residir”, diz. A categoria aguarda, desta forma, a alteração do decreto municipal que permitirá o funcionamento dos hotéis na cidade.

A presidente do Juiz de Fora e Região Convention e Visitors Bureau, Thais de Oliveira Lima, disse também ter sido surpreendida pela rede hoteleira integrar a onda vermelha. “Pelo decreto da Prefeitura, nós já estávamos funcionando como serviço essencial e assim vínhamos trabalhando, entre trancos e barrancos, pois estamos sem turismo. Ao contrário da visão popular, os estabelecimentos não servem apenas ao turismo, mas a outras pessoas que prestam serviços essenciais como os médicos e outros profissionais, cujo trabalho não está paralisado, assim também como a indústria. Há ainda aquelas pessoas que estão saindo para trabalhar e, por opção, não querem voltar para suas casas por terem integrantes do grupo de risco e até moradores. Temos hotéis que têm mensalistas, principalmente aqueles que fazem o perfil de ‘flat’, onde há pessoas que lá moram”, explicou.

Trade passa a aferir temperatura de hóspedes

O Trade Hotel passa, a partir desta quinta-feira (21), a aferir a temperatura de hóspedes que ingressam no local e daqueles que já fazem parte da rotina da unidade. A medida visa a garantir segurança e saúde de todos que circulam em suas dependências. À Tribuna, o gerente-geral José Carlos Branco ressaltou que o hotel precisou se adequar para garantir o funcionamento e o combate à doença.

“Boa parte dos nossos hóspedes, neste momento, são médicos e profissionais da saúde que optaram por não voltar para suas casas. Há pessoas que quiseram se isolar de suas famílias, além de profissionais de empresas que permaneceram em pleno funcionamento e precisam de um local para ficar. Desta forma, tomamos todas as precauções, como o uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento entre pessoas e todos os protocolos exigidos de segurança no combate ao coronavírus. Tivemos, inclusive, mudanças na preparação e distribuição do café da manhã”.

Também vice-presidente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH), Branco destacou o empenho em conjunto para que a rede hoteleira passasse a compor a lista de serviços considerados essenciais pelo Governo estadual, por meio do plano Minas Consciente. “Várias entidades se mobilizaram, e graças ao apoio conjunto, garantimos mais essa medida não só para Juiz de Fora, mas para outros municípios que, assim como nós, hospedam profissionais que atuam na linha de frente do coronavírus”, destacou. Com a quarentena, o Trade registrou queda de 90% no movimento.

 

Fonte: Tribuna de Minas

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