As cidades de Belmiro Braga e Simão Pereira estão sem a sua principal ligação. A antiga ponte sobre o Rio Paraibuna, que é o caminho mais curto entre as duas cidades, desabou na manhã deste sábado (29). Segundo o prefeito de Belmiro Braga, Afonso Henrique Carvalho Ferreira, o acidente aconteceu entre as 6h e 7h, quando parte da estrutura cedeu com a passagem de um caminhão que carregava leite. Ainda de acordo com o chefe do Executivo, o veículo estava apenas com o motorista, que sobreviveu e conseguiu sair sozinho do caminhão.

O prefeito também determinou que fosse despejado um monte de terra para bloquear a passagem e que fosse instalada uma faixa para orientar os motoristas sobre a necessidade de procurar outra forma de acesso entre os municípios.

A queda da ponte, que liga o distrito de Sobragy a Simão Pereira, deve causar uma série de transtornos aos moradores dos dois municípios. Afonso explica que a única outra opção de deslocamento é pela BR-040, com os motoristas passando por Cotegipe, distrito de Matias Barbosa, para ir ou voltar pela rodovia – pelo menos, de acordo com ele, sem pagar pedágio.

Afonso Henrique conta, ainda, que a ponte de ferro estava condenada há cerca de 20 anos, e que por isso estava proibida a passagem de qualquer veículo com mais de quatro toneladas de peso, como caminhões e ônibus.

“Há muito tempo os ônibus não passam por lá, mas sabemos que vários motoristas desrespeitam a proibição e seguiam atravessando a ponte com os caminhões”, diz, acrescentando que a Prefeitura de Belmiro Braga vinha tentando com o governo do município vizinho, além de empresas da cidade, para recuperar a estrutura. O tombamento da ponte também vinha sendo estudado.

“Chegamos a fazer reuniões, no início do ano, com esse objetivo, e estávamos caminhando bem, mas a crise atrapalhou. Agora, vamos procurar especialistas no início da semana para avaliar a situação e ver o que pode ser feito. Não acredito que uma ponte temporária seja viável, pois o Paraibuna é muito largo ali.”

Ponte centenária

O secretário de Turismo, Cultura e Lazer de Belmiro Braga, Antônio João Ehlers Peixoto, conta que a ponte do Sobragy – como é conhecida pela população – serve às duas localidades de 1906, quando veio da Escócia.

“Algumas pontes vindas nessa época seriam ferroviárias, mas acabaram servindo para outros fins, como rodovias. Porém, não sabemos dizer se foi o caso da ponte do Sobragy. Geralmente pontes com estrutura de ferro serviam para ferrovias, mas sabemos de relatos de estruturas que terminaram por servir como pontes rodoviárias”, explica.

O secretário lamentou, ainda, que o acidente tenha ocorrido antes do governo municipal conseguir concluir o processo de tombamento da ponte, que começou a ser planejado em uma reunião do Conselho do Patrimônio Histórico no final de 2019, e permitiria obter recursos por meio da Lei de Incentivo à Cultura, a exemplo do que estão fazendo no centro histórico de São José.

“A ponte e a estação ferroviária Sobragy estão nessa lista, que conta com outros imóveis. Inclusive, estive lá há duas semanas e comentei com uma moradora, que tem um restaurante próximo à ponte, que planejávamos fazer o tombamento. Nunca imaginava que a ponte poderia desabar, que a situação estava tão ruim”, diz, acrescentando que a estrutura estava na lista de bens que passariam por levantamento, há cerca de 15 dias, para começar o processo de tombamento. Porém, como precisaram passar por vários distritos fazendo o serviço, não houve tempo para realizá-lo em Sobragy.

“Inclusive conversei com o Geraldo Nascimento, que é secretario de Cultura de Simão Pereira, sobre a intenção do tombamento. Ele disse para fazer a papelada do tombamento e depois requerer a anuência deles”, reforça.

Fonte: Tribuna de Minas