Entretanto, Ramon não chegou a fazer o transplante, e os familiares e amigos falaram para Fernanda e Júlia ficarem com o dinheiro.
O valor arrecadado foi utilizado em uma ação de apoio às crianças com câncer, auxiliar um amigo que fazia o tratamento da doença. Além disso, também foi utilizado para pagar o sepultamento de Ramon e ajudar nas reformas da casa da mãe dele.
As duas procuraram, então, a Missão Sofia - um projeto feito por Mariana Alves e pela filha Sofia, de oito anos, que criam perucas com temáticas de princesas e super-heróis, que são feitas de crochê, para crianças que fazem tratamento de câncer no Hospital da Baleia.
Parte do dinheiro arrecadado foi entregue para a Missão Sofia, e Júlia e Fernanda participaram da entrega de 75 perucas. A intenção da mãe e da filha é continuar apoiando o projeto e outras iniciativas que auxiliam crianças e familiares que sofrem da doença.
Outra parte foi destinada a um amigo da família, o Helton, que mora próximo à mãe de Ramon, em Fortuna de Minas e também estava com um linfoma. Fernanda contou que o ex-marido se preocupava muito com o amigo, que não tinha condições financeiras, plano de saúde e fazia todo o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O dinheiro ajudou Helton a custear medicamentos e realizar parte do tratamento. Ele conseguiu fazer o transplante de medula e encontra-se recuperado do câncer.
Além dessas iniciativas, Júlia e a mãe querem chamar a atenção para outra causa muito especial: a doação de sangue e medula.
"Gostaríamos de fazer um apelo, potencializar e pedir para que as pessoas doem sangue e medula óssea. Foi muito difícil para o Ramon, ele precisou de muito sangue e na época conseguimos mobilizar 100 doadores", reforçou Fernanda.
Em todo o estado, a doação de sangue pode ser agendada pelo site do Hemominas, que não parou de receber doações durante a pandemia de coronavírus. É preciso ter entre entre 16 e 69 anos de idade. Adolescentes de 16 e 17 anos podem doar acompanhados pelo responsável legal, que deverá apresentar um documento de identidade e assinar a autorização no local de doação.
Ramon do Vale Vicente nasceu em Cataguases, passou a infância em Recreio. Se formou em técnico em eletrônica em Juiz de Fora, trabalhou em Belo Horizonte com manutenção em torres de rádio para a Telefonia.
Casou em 1999 com Fernanda e, quatro anos depois, nasceu Júlia. E foi em 2018 que algo começou a não ficar bem na vida de Ramom. Quinze dias depois veio o diagnóstico de leucemia.
Após um ano e oito sessões de quimioterapia, ele foi para a casa. Contudo, quatro meses depois, começou a passar e ficou mais quatro meses no hospital. Foi então que no dia 21 de dezembro de 2019, Ramom perdeu a batalha e faleceu. Agora ele vive nos sonhos da lista que segue sendo planejada pela filha.
Fonte: G-1 Zona da Mata