De acordo com a PF, a operação investiga mais sete pessoas que, para conseguir privilégios com a Justiça, ofereciam retribuições financeiras e outras vantagens indevidas aos desembargadores. Além dos desembargadores, entre os alvos, está o advogado Ildeu da Cunha Pereira Sobrinho, que morreu em fevereiro deste ano.
A justiça também autorizou a quebra do sigilo fiscal e bancário de vários investigados.
Ao todo a operação "Cosme", como foi denominada, cumpre 10 mandados de busca e apreensão - seis em Belo Horizonte, um no município de Ipanema (MG), um em Engenheiro Caldas (MG) e dois no estado de São Paulo.
Até 12h o G1 ainda tentava contato com o advogado Luiz Carlos de Miranda Faria.
Mensagens indicam participação de desembargadores
A operação desta quarta-feira é um desdobramento da Operação Capitu, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2018 que apurou a doação irregular de dinheiro para políticos e partidos, além de um esquema de arrecadação de propina dentro do Ministério da Agricultura durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O então vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), o empresário Joesley Batista, dono da JBS, e mais 15 foram presos na operação.
A propina era paga por um grupo de empresários que se beneficiava de normas editadas pelo Ministério da Agricultura que facilitavam e viabilizavam seus negócios comerciais, dando vantagens frente a outros concorrentes.
Ao analisar o material apreendido, os investigadores identificaram mensagens no telefone celular de um advogado, que indicavam a prática de diversos delitos, sendo alguns com participação de desembargadores do TJMG.
O presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), desembargador Alberto Diniz, disse confiar na inocência dos desembargadores citados.
" A Amagis se manifesta com perplexidade com as recentes operações policiais midiáticas no Tribunal de Justiça e reafirma a confiança na lisura da atuação exemplar e integridade de seus magistrados.
A confiança é sustentada por trajetórias de dedicação e cumprimento rigoroso das normas do devido processo legal, das leis e da Constituição Federal, confirmadas pelas permanentes atuações da Corregedoria de Justiça e do Conselho Nacional de Justiça.
A perplexidade vem com o vazamento e desrespeito ao sigilo quando operações como essas são orquestradas numa estranha parceria com setores da Imprensa para garantir, não uma investigação isenta, mas uma condenação sumária com graves prejuízos à reputação e honra moral de profissionais ilibados e sem quaisquer direitos de defesa e ao devido processo legal.
Desde 1988, nossa Lei Maior garante o direito à defesa, ao contraditório e, principalmente, o princípio da presunção de inocência (artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal) como garantia processual antes de um julgamento legal, muito menos midiático.
A Amagis fará a defesa dos magistrados, convicta de que, apesar dos abusos e prejulgamentos, prevalecerá a inocência desses profissionais e o Estado de Direito".
Fonte: G-1 Minas