PF cumpre mandados em hospital de Juiz de Fora em operação contra desvio de recursos públicos na Saúde
15/12/2020 13:27 em REGIÃO

 

Uma operação deflagrada pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (15) deu início ao cumprimento de, pelo menos, dois mandados de busca e apreensão em Juiz de Fora.

Na ação batizada de "Operação KicBack" foi preso na cidade sul fluminense, um advogado suspeito de participar de um esquema de corrupção no Governo do Estado do Rio, quando o governador afastado Wilson Witzel ainda estava no cargo.

No início desta manhã agentes da Polícia Federal fizeram buscas na Maternidade Terezinha de Jesus, em Juiz de Fora que, segundo o Bom Dia Brasil, recebeu cerca de R$ 280 milhões em dívidas inscritas em “restos a pagar” em troca de pagamento de propina de 13% sobre o valor quitado.

O valor daria prioridade à instituição que é , uma Organização Social , no recebimento dos recursos, já que diante da difícil situação financeira em que se encontra o Estado do Rio de Janeiro, nem todas as dívidas poderiam ser quitadas.

O objetivo da operação é apurar o de desvio de recursos públicos na área da saúde, que pode ter gerado prejuízo de mais de R$ 50 milhões aos cofres públicos.

A "Operação Kickback" visa cumprir 10 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva, além de medidas cautelares e indisponibilidade de bens dos investigados. A ação é desdobramento da Operação Tris in Idem responsável pelo afastamento do governador Wilson Witzel do cargo por suspeitas de irregularidades na Saúde.

Além disso, a OS teria pago cerca de R$ 50 milhões a um escritório de advocacia, que, por sua vez, repassou mais de R$ 22 milhões para pessoas físicas e jurídicas ligadas ao operador financeiro identificado nas Operações "Pacebo" e "Tris in Idem".

Em agosto deste ano o G1 publicou reportagem sobre o cumprimento de mandado de busca e apreensão em Juiz de Fora da operação que afastou Witzel.

Equipes da Polícia Federal apreenderam documentos na unidade e também na casa de José Mariano Soares de Moraes, citado em documento do Ministério Público Federal. Nas 345 páginas é possível entender é possível entender o envolvimento da Maternidade com o caso.

Segundo apuração do MG1, a organização social Hospital Maternidade Therezinha de Jesus é uma das organizações de saúde responsáveis pela gestão de unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro.

A dívida inscrita em restos a pagar no orçamento do Estado era de aproximadamente R$ 500 milhões de reais. Diante da demora no recebimento, o então secretário de saúde, Edmar Santos, em comum acordo com Pastor Everaldo e Edson Torres, procuraram José Mariano Soares de Moraes, "dono" da organização de saúde HMTJ para oferecer a possibilidade do hospital receber os créditos administrativamente, com a condição do repasse de 20% do recebido ser destinado ao grupo criminoso, através do operador financeiro Victor Hugo Barroso.

José Mariano aceitou o negócio ilícito e realizou os repasses na forma acordada. Na página seguinte do relatório do Ministério Público, fica claro que houve um acordo extrajudicial com a secretaria para receber os repasses.

Equipes da Polícia Federal apreenderam documentos na unidade em Juiz de Fora e na casa de José Mariano Soares de Moraes.

O G1 entrou em contato com a assessoria da Maternidade Terezinha de Jesus que informou, por meio de nota enviada pelo advogado Délio Lins e Silva Júnior que, "a defesa do Hospital Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ) esclarece que o hospital é uma instituição tradicional, com mais de 90 anos de serviços prestados à população. Ao longo das investigações, sua diretoria prestou todos os esclarecimentos necessários à elucidação dos fatos. Isso seguirá sendo feito, de modo a contribuir com as investigações e provar que o HMTJ não tem qualquer envolvimento ilícito em relação aos fatos por ora sob investigação.".

A reportagem também pediu informações à Polícia Federal sobre os trabalhos, mas ainda não obteve retorno. A assessoria jurídica de José Mariano foi procurada, mas ainda não retornou.

 

 

Fonte: G-1 Zona da Mata

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