OPINIÃO: Leopoldina caminha com erros e acertos e comemora 167 anos
27/04/2021 14:16 em LEOPOLDINA

 

O caminho está aberto para um futuro melhor. Para isso precisamos resolver os problemas de ontem, cuidar e evitar os de hoje.

Há pouco mais de um ano, a cidade de Leopoldina registrava seu primeiro caso de Covid-19 e posteriormente o primeiro óbito. De lá pra cá, números subiram e desceram, regras frouxas e duras permearam toda extensão territorial, produzindo enormes problemas aos cidadãos.

 

Tivemos neste período inúmeras queixas, acertos e erros de todos os lados. Na política administrativa, o medo no início levou à instalarem barreiras sanitárias em dois pontos da cidade, enquanto muralhas de terra impediam o acesso ao interior da cidade em diversos pontos. E mesmo assim, as barreiras de terras e manilhas não foram suficientes para impedir o trânsito de veículos e de pessoas, que muitas vezes abusavam e rompiam na violência.

Nos comércios, especialmente nos supermercados houve aquela correria louca. Filas intermináveis de cidadãos que corriam para comprar suprimentos alimentares, pois o medo e o caos que vinha por meio de áudios, fotos e vídeos de outras localidades encheram caixas de mensagens e grupos de WhatsApp, fazendo com que os cidadãos pensassem em ter o mínimo para sobreviver ao lockdown. Foram muitos dias aquele terror.

Foi duro! As igrejas que obedeceram as regras ficaram fechadas por mais 4 meses, gerando transtornos litúrgicos, sociais e psicológicos com a quarentena imposta pelo poder público. E que quarentena foi aquela? Quarentena de araque. Enquanto algumas pessoas eram questionadas e estimuladas para cumprir o "fique em casa", o coro comia nos bastidores, onde políticos não respeitavam os protocolos e andavam pelas ruas sem a máscara, e às escondidas faziam reuniões partidárias visando as eleições. Pior, tinha igreja fechada e birô aberto. Tinha líder de igreja que nem pregava mais para as ovelhas, mas discursava em pequenos e vazios comícios ou em reuniões domésticas.

Nos esportes e no lazer, muitos no primeiro momento deixaram tudo. Ficaram em casa. A única diversão era a tv, os joguinhos em casa. Outros, ligaram o seu aparelho de som sob suas lajes e ecoavam sons pelas paredes e colinas com hinos e cânticos a Deus. Teve dia que a terra tremia de tanta unção. Tinha dia que tremia de medo, principalmente quando pessoas conhecidas eram raptadas do nosso convívio social. Raptos para para sempre!

Sem contar que até este segundo aniversário, o período foi difícil. Lojas, empresas, fábricas e muitos prestadores de serviços fecharam as portas e deixaram de existir. Até Igrejas. A situação financeira levou muitas centenas de emprego, muitos sonhos e projetos, e implantou obrigatoriamente um novo sistema. O sistema dos falidos. Esse sistema promete ser osso duro na queda e vai levar um bom tempo para mudar.

Neste período, a ciência da medicina corria contra o tempo para produzir a solução de cura, de proteção e alívio ao mortal vírus da Covid-19. Também por meio da discreta ciência do bem e do mal, políticos e lobistas brigavam para difundir os medicamentos a serem comercializados, usados como salvadores de vidas. Certos ou errados, a questão não era meramente os remédios ou vacinas, mas o que de fato ficaria no mercado. Isso valia e ainda vale muito dinheiro. Dinheiro que nem temos a noção. Farmácias de nossa cidade ficaram sem diversos medicamentos que eram considerados úteis no combate ao Covid-19. Foram confiscados e sumiram. E quando ainda achava para comprar, valia preço de ouro, bem mais que a vida de um cidadão, se assim podemos dizer.

Por outro lado, neste período a cidade recebeu muita grana. Auxílio Emergencial e a compensação federal injetou muitos milhões de reais aos cofres do município e cidadãos. No entanto, na minha humilde visão e análise, bem pouco foi feito. Enquanto o poder público correu para pagar 380 mil reais por 20 mil máscaras, em outros aspectos não avançaram de forma significativa nas fiscalizações aos eventos clandestinos, aglomerações e nem mesmo estabelecendo regras mais rígidas ao período eleitoral. Ou seja, não bastava tanto dinheiro, precisava de competência administrativa. Cerca de 57% do recurso Covid foi gasto folha salarial de funcionários. Enquanto isso a cidade abarcava pacientes locais e de outras cidades, e não fez os investimentos devidos. Apenas outros 16% foram destinados ao hospital local.

Com o segundo aniversário de Leopoldina na pandemia, encontramos o poder legislativo local bem comedido. Pouco resultados apareceram, e nesse pouco fica também a incapacidade de avançar em investigar os gastos COVID. O poder legislativo anterior e o atual tiveram, quanto tem responsabilidades em averiguar todos erros e que devem ser sanados, à luz das leis e regras estabelecidas. Só o fato de usarem a verba de combate ao Covid-19 para folha salarial já demonstra que há crimes, visto que o orçamento salarial já estava definido deste 2019. Mas pelo visto não querem mostrar serviço, aquilo que foram eleitos para fazer.

Mas tudo ajudou neste aspecto. Pandemia, final de mandato e eleições com muitas mudanças nas regras, o cenário era bem complicado e até hoje é assim. Era preciso vencer muito mais, não era apenas conquistar os votos. Era preciso convencer. Pelo visto, os votos não foram suficientes para despertar os interesses pelo cargo que ocupam.

A cidade também se viu diante de perdas de ex-políticos. Foram vários nomes que se foram, que nunca mais farão parte de reuniões e nem disputarão, concorrentemente a  outros. 

E mesmo diante deste aspecto tão ruim, outras gerações emergem nessa pandemia. São os filhos da pandemia. Todo mundo sabe, casal em casa ou briga ou se ama. E se não era amor de verdade, ao menos impensadamente fizeram filhos em um momento bem complicado. 

Para esse geração que vinha com enormes dificuldades nos estudos, o advento da pandemia ainda trouxe o mais longo fechamento de escolas em todo mundo. A demonstração clara que aos profissionais da área fizeram toda força possível para não voltarem as aulas, mantendo aulas remotas, que inclusive até um tempo antes da pandemia, todos ou a maioria era contrária a aplicação, isso lógico, iria mexer com a carreira de muitos profissionais da educação.

E depois de mais de 30 anos, a cidade sendo administrada por poucos nomes e bem políticos, alguns revezando, um nome de fora foi eleito para a primeira experiência política. Ganhou, venceu lavando a alma. Os concorrentes fizeram barulho, mas os eleitores votaram no silêncio da eleição mais atrevida da história. Adiada por alguns dias, e que se quer fora cogitada entre autoridades em Brasília a sua realização com as eleições de 2022. Tudo isso fez o cenário leopoldinense se tornar diferente também.

Éramos acostumados a ver muitos carros de som. Panfletos que coloriam as ruas. A Leopoldina da pandemia e sua eleição foi diferente. Muitas intrigas nos bastidores. Polícia, investigações e até gente bem sucedida financeiramente e patrimonialmente, candidatos, estavam entre os que tinham recebido o Auxílio Emergencial. Recurso usado indevidamente. Era o reflexo dos brasileiros que levam vantagem em tudo. Só entre os candidatos foram 3, imagine quantos outros nomes o TCU não tenha encontrado.

Lidamos com a fome e desespero de muitas pessoas famintas. Pais com filhos pequenos e sem o que lhes dar de comer. Essa foi uma das coisas que mais me intrigaram nessa pandemia em Leopoldina. Grupos sociais, pessoas anônimas se levantaram e passaram a dar um pouco da sua dispensa a quem nada tinha. Eu também ajudei, mas tive o dia que precisei da ajuda. Todos fomos afetados de alguma forma. 

Em muitos outros momentos, a certeza de que a pandemia iria passar estava cada vez mais perto, e ao mesmo tempo cada vez mais longe. Enquanto não chegava vacinas, os tratamentos eram universais. Distanciamento, álcool 70%, máscaras e assim, o primeiro ano passou. Gastamos dinheiro comprando litros de álcool. Era aquela coisa de desinfectar tudo, parecia até doentio. Mas era a necessidade do momento. Enquanto isso, no centro vimos por várias semanas, grades instaladas para organizar as filas. Mas era só. O povo que ia na Caixa sofria no sol escaldante. Queimava no verão passado, sem pena e sem dó. Enquanto isso, administradores no aconchego dos seus escritórios e ar-condicionado, só com papel e caneta davam às coordenadas. 

Ao fim, as últimas semanas entramos na onda da limpeza. Essa Leopoldina da limpeza merece os parabéns. O poder público tem agido e assim feito tão bem. Afinal, é preciso dar condições aos cidadãos leopoldinenses que pagam seus impostos. Ainda há muito pra fazer, por exemplo, as nossas ruas ainda estão bem destruídas. Não há condições ideais de transporte público e particular. Ninguém merece uma cidade toda furada, esburacada e feia.

Finalizo olhando para frente e imagino que devemos comemorar os pouco passos que andamos. Mas é preciso de mais empenho e esforço de todos. Todos indispensavelmente. Somos umas das cidades com menores índices quando olhamos a outras na região, levando em conta a população, área de abrangência e todo aspecto de tratamento. Entre erros e acertos, todos foram sendo moldados aos poucos durante a pandemia, levando a cidade ao seu segundo aniversário da forma que hoje está. Mesmo sem velas e bandeiras erguidas, sem os seus principais eventos que são comuns neste período, ainda vale a pena comemorar e ter esperança.

 

 

Que vivamos tanto quanto Leopoldina!


por Josué Oliveira - blog Leopoldina News

 

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