A produção de bebidas na fábrica da empresa, na capital, está proibida devido à contaminação das cervejas da Backer com dietilenoglicol, que veio à tona em janeiro do ano passado, quando a Polícia Civil começou a investigar a internação de várias pessoas com sintomas de intoxicação após o consumo da Belorizontina. Dez vítimas morreram e várias outras tiveram sequelas.
Em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou que a Cervejaria Backer permanece interditada. De acordo com a pasta, até o momento, a empresa não atendeu as exigências feitas para garantir a segurança dos produtos. "Desta forma, qualquer manipulação de bebidas na Backer (produção, padronização, envase) continua proibida".
O Mapa ressaltou, no entanto, que a contratação de uma empresa terceira, registrada no ministério, para a produção das receitas da Backer é permitida e que está "ciente da terceirização de marca".
'Eu queria minha vida de volta', diz vítima
Enquanto a Backer volta a comercializar a bebida, o bancário Luciano Guilherme de Barros, de 57 anos, uma das vítimas contaminadas após ingerir a cerveja da marca, ainda faz fisioterapia e sessões com fonoaudiólogos e recebe acompanhamento médico para cuidar das sequelas.
Ele passou 180 dias no hospital, perdeu parte da visão e da audição, sofreu paralisia facial, precisou fazer hemodiálise e talvez ainda necessite de um transplante renal. Até hoje, está afastado do trabalho.
"Eu queria minha vida de volta, mas sei que não vou ter, queria voltar a trabalhar, mas não tem como. Dá até uma dor no coração ver o anúncio da volta, mas a gente já sabia que isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. Espero que o retorno sirva para pagarem nossa indenização, eles nos devem isso. Estamos tentando levar a vida, que eles paguem a indenização e vivam a vida deles para lá", disse.
Luciano Barros espera que a retomada das vendas pela Backer contribua para o pagamento das indenizações — Foto: Arquivo Pessoal
O Ministério Público de Minas Gerais denunciou à Justiça, em outubro do ano passado, 11 pessoas, inclusive os três sócios-proprietários da cervejaria Backer, "por crimes cometidos em função da contaminação de cervejas fabricadas e vendidas pela empresa ao consumidor".
Os três sócios-proprietários da Backer foram denunciados pelas "condutas de vender, expor a venda , ter em depósito para vender, distribuir ou entregar a consumo produto que sabiam poderia estar adulterado" e por "deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado".
Já sete engenheiros e técnicos encarregados da fabricação da bebida, segundo o Ministério Público, agiram com dolo eventual, ao fabricarem o produto sabendo que poderia estar adulterado. Eles foram denunciados por homicídio culposo e lesão corporal culposa.
Uma testemunha também foi denunciada por apresentar declarações falsas no decorrer do inquérito policial.
A Justiça recebeu as denúncias e essas pessoas são rés no processo.
Fonte: G-1 Minas