Genro de falsa enfermeira confessa em conversa telefônica que vacina vendida a empresários era falsa
Publicado em 16/06/2021 05:23
REGIÃO

 

A análise do celular apreendido com um dos suspeitos investigados por organizar uma vacinação clandestina contra a Covid-19 revelou que a vacina aplicada em comerciantes do transporte e moradores de condomínios de luxo de Belo Horizonte era falsa.

A TV Globo teve acesso, com exclusividade, a um dos relatórios com conteúdo do celular de Junio das Dores Guimarães, que dirigia o carro para a falsa equipe de vacinação.

O relatório mostra conversas que ele teve com a namorada, Danievelle Torres de Freitas, que é filha de Cláudia Pinheiro, apontada como falsa enfermeira e responsável por promover a vacinação clandestina.

De acordo com a corporação, Cláudia é a responsável pela vacinação de empresários do setor de transportes, em uma garagem de ônibus no bairro Caiçara, na Região Noroeste da capital, no dia 23 de março. Os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da empresa Saritur, teriam organizado o esquema.

No dia 25 de março, três dias depois que os vídeos com aplicação da tal vacina em uma garagem da Saritur foram divulgados, Danievelle acompanhou a mãe até um escritório de advocacia.

Até aquele momento, Cláudia e Junio ainda não tinham sido identificados pela polícia, mas a filha estava com medo.

 

“Eu achei que aparecia ela bem vídeo, que aparecia você. Nossa estou com muito medo, viu?”, disse ela ao namorado.

 

Para tranquilizá-la, Junio confessou que a vacina era falsa.

 

“Mas fica tranquila que não é vacina. A Polícia vai investigar e vai ver que não é da Covid”, disse ele.

 

A Polícia Federal confirmou que o celular entregue por Cláudia Pinheiro só tinha registros de uso a partir de 26 de março, o dia seguinte da ida dela ao escritório de advocacia.

O telefone usado por Cláudia para conversar com o empresário Rômulo Lessa, que encomendou a vacinação, nunca foi localizado.

O dono do escritório é o advogado Carlos Alberto Arges Júnior. A Polícia Federal vai investigar a ligação entre ele e a falsa enfermeira.

Carlos Alberto Arges já foi preso, em 2019, suspeito de subornar agentes federais pra ter acesso a investigações sigilosas.

Dados do GPS do carro de Junio também revelam que, uma semana antes, portanto, antes da denúncia da vacinação clandestina, o veículo esteve no mesmo escritório duas vezes.

Carlos Alberto Arges Júnior disse que não vai se posicionar. A defesa de Claudia não atendeu nossas ligações.

Até as 18h50 desta terça-feira (15), ela prestava depoimento à Polícia Federal.

 

Fonte: G-1 Minas

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