Dentre os que são comarcas, ou seja, precisam ter defensorias até junho do ano que vem, quatro continuam sem na Grande BH, de acordo com o diagnóstico da Adep: Caeté, Esmeraldas, Matozinhos e Paraopeba.
Há ainda comarcas que possuem defensorias, mas não para todas as varas. Brumadinho, Igarapé e Sabará, por exemplo, que não têm defensor da área de família, a mais demandada. É o defensor de família que vai conduzir processos de divórcio e de pensão alimentícia.
Cinco municípios da Grande BH não possuem defensor de saúde, que vai garantir acesso da população carente a medicamentos e leitos hospitalares, por exemplo. São elas: Betim, Ibirité, Igarapé, Pedro Leopoldo.
Menos da metade dos municípios, 7, possuem profissionais especializados para a defesa dos direitos da infância e do adolescente e apenas uma, em Contagem, tem defensor para mulher vítima de violência.
Para crescer, a Defensoria Pública até tem autonomia orçamentária, mas depende dos repasses do governo do Estado, que vive uma crise financeira há anos. O defensor público-geral do estado, Gério Patrocínio Soares, ressalta que estes repasses são muito abaixo do que recebem outros órgãos independentes que atuam em conjunto, como o Tribunal de Justiça e o Ministério Público.
Em 2021, o repasse previsto na Lei Orçamentária Anual para a Defensoria Pública é de R$ 589,3 milhões. Já para o Ministério Público, o valor é cerca de quatro vezes maior, de R$ 2,6 bilhões, enquanto o do TJ passa de dez vezes maior, de R$ 6,6 bilhões.
De acordo com Gério, há 80 defensores públicos aprovados em concurso que poderiam ser empossados, mas não há viabilidade financeira.
“Nosso orçamento é construído, anualmente, com aquilo que o estado repassa como parcela. Infelizmente, a gente depende do governador para ter estes valores. O nosso desafio é que tem esta concorrência destas carreiras [juiz e promotor], que tem remunerações melhores, férias melhores, várias situações e números infinitamente maiores”
“Não há como disponibilizar um serviço técnico, qualificado, como este que é prestado sem que a carreira seja valorizada e a instituição tem a estrutura material e de pessoal para atender a demanda pela qual responde, que é a defesa dos vulneráveis, especialmente em momentos de crise econômica, que estamos atravessando.”, avalia Fernando Campello.
"De 2019 a 2021, ainda que o orçamento do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) sejam maiores em termos globais, o orçamento autorizado para a Defensoria Pública de Minas Gerais com recursos do Tesouro Estadual cresceu proporcionalmente mais que o desses órgãos: o da Defensoria teve crescimento de 11,41%, enquanto o do TJMG foi de 6,75% e o do MPMG 3,63%.
No que se refere à abertura de concursos públicos, há que se considerar a limitação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) em relação aos gastos do Estado com pessoal. A LRF não define um limite específico para a Defensoria, como define para os demais Poderes. Desta forma, o órgão, inserido no Poder Executivo, está sujeito às mesmas restrições do Estado."
Fonte: G-1 Minas