A principal causa de morte súbita no mundo é a cardiomiopatia hipertrófica, doença cardíaca que atinge cerca de 20 milhões de pessoas. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou na última semana a 1° Diretriz Brasileira que auxilia no diagnóstico e tratamento da doença, para prevenir a morte súbita.
A cardiomiopatia hipertrófica (CH) é uma doença geralmente de origem genética, caracterizada pela hipertrofia ou crescimento exagerado dos músculos que formam o coração. Os homens representam 70% dos casos da doença. Destes, 30 a 40% correm o risco de terem morte súbita, segundo o documento da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Cerca de 90% dos pacientes com a CH não tem sintomas, ou seja, são assintomáticos. Ou tem sintomas que se confundem com outras doenças, o que pode dificultar o diagnóstico.
‘Quando falamos em subdiagnóstico significa que o número real de pacientes com a doença no Brasil é muito maior que o número de pacientes que de fato já receberam o diagnóstico e estão sob tratamento. Esses pacientes possuem a doença e simplesmente não sabem disso’, explica o Caio Ribeiro, coordenador da Cardiologia do Hospital Vila da Serra da Oncoclínicas Belo Horizonte.
Segundo o cardiologista, algumas características devem ser levadas em consideração na investigação da CH, como histórico de desmaios, histórico familiar da doença ou de morte súbita, quando alguém na família sem um diagnóstico confirmado, especialmente em idades mais precoces, que representam 70% com menos de 40 anos de idade.
‘Na maioria das vezes exames a doença é diagnosticada com eletrocardiograma e ecocardiograma. A avaliação com cardiologista antes de realizar atividades físicas já se mostrou uma das maneiras eficientes de ampliar esse diagnóstico’, ressalta Ribeiro.
O tratamento tem dois objetivos principais: evitar morte súbita nos pacientes sob risco com implante de desfibrilador implantável e controlar sintomas nos sintomáticos, que pode ser com medicamentos.
A cirurgia com implante de desfibrilador é indicada sempre que, pelo uso do algoritmo, o paciente é considerado de alto risco para morte súbita. A cirurgia para melhora dos sintomas é indicada naqueles pacientes em que o tratamento medicamentoso já foi utilizado e o paciente permanece com limitação física, como falta de ar ou dor no peito.
‘Essa cirurgia consiste na redução do volume da parede do coração com miectomia (quando se corta parte desse músculo) ou embolização arterial (isquemia controlada da parede através de um cateterismo’ afirma o cardiologista.
Na última semana, a Sociedade Brasileira de Cardiologia publicou a 1° Diretriz Brasileira de Cardiomiopatia Hipertrófica, para ser usada pelos médicos, que até então usavam somente as diretrizes europeia e norte-americana.
O documento, que reuniu mais de 70 pesquisadores brasileiros, criou um algoritmo inédito que busca estratificar, identificar e prevenir o risco de morte súbita em pacientes portadores desta cardiopatia, especialmente no Brasil. A análise ajuda a identificar quais pacientes necessitam de intervenção cirúrgica imediata.
Fonte: Site da Rádio Itatiaia