Anielle Franco quebra o silêncio após demissão de Silvio Almeida por acusações de assédio sexual
BRASIL
Publicado em 07/09/2024

 

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, quebrou o silêncio nesta sexta-feira (6) e se manifestou pela primeira vez após a demissão de Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos, acusado de assédio sexual, incluindo acusações envolvendo a própria Anielle.

 

“Não é aceitável relativizar ou minimizar episódios de violência”, declarou em publicação no Instagram. No texto, ela agradeceu o apoio que recebeu e elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao tratar do caso. “Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio que recebi”, disse Anielle.

Anielle, que destacou sua identidade como mulher negra, mãe e ministra, pediu ainda privacidade durante esse momento delicado. A demissão de Silvio Almeida foi formalizada pelo presidente Lula um dia após as denúncias de assédio serem divulgadas. Lula afirmou que, diante das acusações, a permanência de Almeida no cargo era “insustentável”.

Inicialmente, a secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos, Rita Cristina de Oliveira, assumiria o posto de ministra interina. No entanto, poucas horas após a demissão de Almeida, Rita também pediu sua exoneração, afirmando seu apoio ao ex-ministro. Com a saída de Rita, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, foi designada para acumular temporariamente a função de ministra dos Direitos Humanos até que um novo nome seja escolhido.

Eis a íntegra da declaração de Anielle Franco:

Hoje eu venho aqui como mulher negra, mãe de meninas, filha, irmã, além de Ministra de Estado da Igualdade Racial. 

Eu conheço na pele os desafios de acessar e permanecer em um espaço de poder para construir um país mais justo e menos desigual.

Desde 2018, dedico minha vida para que todas as mulheres e pessoas negras possam estar em qualquer lugar sem serem interrompidas. 

Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi.

Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência.

Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada. 

Sabemos o quanto mulheres e meninas sofrem todos os dias com assédios em seus trabalhos, nos transportes, nas escolas, dentro de casa. E posso afirmar até aqui, que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo. 

Sigo firme nos passos que me trouxeram até aqui, confiante nos valores que me movem e na minha missão de trabalhar por um Brasil justo e seguro pra todas as pessoas.

Anielle Franco
Ministra da Igualdade Racial

Fonte: Gazeta Brasil

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