Descoberta é anunciada dias depois de EUA confirmarem suspeita de contágio por meio de relação sexual no Texas; pesquisador dá conselhos às gestantes: "Melhor não beijar"
Depois de cientistas norte-americanos descobrirem uma possível contaminação por zika vírus ocorrida por meio de relação sexual, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) anunciou, nesta sexta-feira (5), que a preocupação com a doença transmitida pelo Aedes aegyptideve ser ainda mais elevada a partir de agora.
Presidente da fundação, Paulo Gadelha afirmou que pesquisadores encontraram evidências da presença do zika na saliva e urina de um paciente, elevando o alerta à população às vésperas do feriado prolongado de carnaval, que se inicia neste sábado (6).
Ainda não há, no entanto, confirmação de que as transmissões por esses meios possam de fato ocorrer, já que são necessárias mais pesquisas para confirmar a possibilidade. O alerta é principalmente para gestantes, cujos fetos podem se tornar microencefálicos caso elas sejam infectadas pelo vírus.
"Avançando a evidência potencial de outra via de infecção se coloca algumas cautelas que devemos chamar atenção para a populacão, principalmente em contato com as gestantes. É importante que elas e as pessoas em seu entorno tenham cuidados adicionais", explicou o pesquisador em coletiva de imprensa, realizada no Rio de Janeiro.
"O melhor é não beijar e, claro, evitar situações que dizem respeito a aglomerações. O carnaval é repleto de aglomerações, pessoas escarrando no chão, para os lados. Assim, você tem a possibilidade de ter contato com a saliva e, mesmo que não possamos garantir a infecção, é uma cautela essencial."
O que os especialistas ainda não sabem responder é se, a partir do momento em que entra no organismo de uma pessoa por meio do beijo, o zika sobreviverá ao suco gástrico, líquido muito ácido presente no estômago.
A Fiocruz ainda afirma não existirem evidências científicas de que o vírus se replicaria nas vias aéreas, como ocorre com a gripe. Em casos de ferimentos nas mãos ou boca, os pesquisadores sinalizam que o risco pode ser maior, já que o zika poderia entrar na corrente sanguínea com maior facilidade.
"Para nós, cientistas, está sendo algo extremamente desafiador entender o zika", apontou Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). "Vamos tomar cuidado, sempre enfatizando que estas podem ser cautelas provisórias, mas importantes."
Fonte: Site ig