Ainda sem a chapa correta para o novo fogão, o fogo alto derrete as tampas e cabos das panelas. Além disso, cozinhar em fogão a lenha toma mais tempo de trabalho doméstico de dona Zélia.
Em seus 59 anos, dona Zélia nunca tinha cozinhado em um forno a lenha. No novo utensílio, os alimentos que mais costumam ir ao fogo são arroz, feijão e frango - quando é possível comprar.
"Carne [vermelha] ninguém come, né, eu estou com uma vontade de comer uma costela que só Jesus", contou Zélia.
No Jardim Ibirapuera, a precursora dos fogões a lenha na comunidade foi a líder comunitária Ivanete Almeida, conhecida como "Pretta". Ela construiu um fogão a lenha de tijolos ao lado de um campo de futebol, para uso comunitário.
O improviso de outras formas de aquecimento em vez do fogão a gás tem provocado acidentes, segundo o Corpo de Bombeiros.
O major Palumbo, do Corpo de Bombeiros, contou que a corporação vem atendendo um número maior de ocorrências. "Estamos notando alguns acidentes que vêm acontecendo nas cozinhas por uso de algum material combustível para aquecimento, seja por lenha ou álcool".
No caso da lenha, a preocupação é com a fumaça gerada pela queima da madeira. Quando o forno é corretamente planejado, é fabricado com a instalação de chaminés.
No entanto, a maior parte dos acidentes são causados pelo uso de álcool na cozinha. "Quando a pessoa utiliza o álcool em detrimento do fogão, ele pode esbarrar e cair no chão, o que causa queimaduras. E o pior, o álcool é muito volátil, ele evapora, e o vapor pode ficar no entorno da pessoas, e quando aciona o fogo, ela está no meio de uma atmosfera explosiva", disse Palumbo.
No mês passado, Geisa Sfanini, de 32 anos, morreu após ter 90% do corpo queimado após usar álcool combustível para cozinhar em uma casa em Osasco, na Grande São Paulo. Seu filho, um bebê de oito meses, também sofreu queimaduras mas se recuperou.
O major também chama a atenção para a importância da compra de botijões em lojas autorizadas. Em locais não certificados e mais barato, o botijão pode ter sido adulterado. "Tem menos gás, as pessoas colocam água e até areia dentro dos botijões", alerta.
Fonte: G-1