Especialistas explicam como se proteger da onda dos golpes por Pix
07/06/2022 05:37 em DIVERSOS

 

Thamires Norberto é estudante de odontologia e estava em um show, quando resolveu guardar o celular com medo de que fosse furtada. O que ela não esperava é que já tinha sido vítima dos criminosos e que suas contas foram esvaziadas.

A estudante tentou agir o mais rápido possível e foi para a casa do namorado, que a ajudou a cancelar as contas bancárias e bloquear os cartões, especialmente na Nubank, seu banco principal.

“Eu não estava conseguindo pensar, porque para mim só com o prejuízo do celular, eu já estava surtando, desesperada. Eu teria que arcar com um dinheiro que eu não tinha para comprar o celular”, explicou a estudante.

Thamires conta que não conseguia ter acesso a nada, porque para tudo precisava de seu chip. Ela também havia colocado autenticação em dois fatores em todos os seus aplicativos, como forma de precaução, além de senhas, o que indicaria que seria mais difícil realizar qualquer tipo de transação por meio de seu aparelho.

“Na minha cabeça, eu tinha resolvido a ideia do celular. Eu ia na Vivo resolver a questão do meu chip, retornar o acesso às contas e ia dar algum jeito, com a ajuda de família, amigos e vaquinhas, de comprar um novo celular”.

A surpresa veio ao retornar da operadora, quando a futura dentista abriu sua conta da Nubank e viu que seu saldo estava praticamente zerado.

“Cliquei em cima do saldo da conta corrente para poder ver o dinheiro que estava guardado na poupança e tinha sumido tudo o que eu tinha lá. Foi ali que meu mundo caiu. Eu vi que toda minha reserva tinha evaporado e eu não consegui mais ver nada”, conta Thamires.

O tempo foi o principal inimigo da jovem. Embora tivesse bloqueado a conta e seus cartões às 6h36, minutos antes, às 6h29, a transferência de valor mais alto já havia sido realizada.

A estudante explica que, inicialmente, a Nubank não foi prestativa e respondeu apenas de forma automática o seu pedido de ajuda. O mesmo ocorreu com o MercadoPago, outro banco em que a vítima tinha dinheiro e que era utilizado para uma loja virtual que ela possui.

Ela conta que a primeira operação dos criminosos foi resgatar os R$6.000,00 que estavam guardados em sua poupança na Nubank e jogar para a conta corrente.

Depois, foram realizadas transferências para o MercadoPago. Do aplicativo, saíram dois saques no valor de R$1.000,00. O roubo de outros R$5.000 foi feito por Pix.

O que dizem os especialistas?

Segundo Arthur Igreja, especialista em tecnologia e professor da FGV-RJ, os processos de desbloqueio de celular são conhecidamente complexos, senão impossíveis, o que indica que a pessoa que furtou Thamires, possivelmente, observou a estudante, em um dado momento, desbloqueando seu celular.

“Muitas vezes, a pessoa acaba usando data de nascimento ou senhas como ‘um, dois, três, quatro’, então acho que tem muito mais a ver com isso”, afirma o professor.

José Milagre, advogado e especialista em crimes cibernéticos, reforça que a estudante agiu corretamente, mas destaca que o tempo é fundamental.

“Hoje os bancos alegam que as pessoas não agiram rapidamente e as pessoas, que os bancos demoraram em bloquear”, diz o especialista.

Na opinião de Igreja, isso só indica que é necessário analisar como todos poderiam construir um cenário de maior segurança. Para os usuários dos aplicativos bancários, não manter um saldo muito alto e estabelecer limites de horários para realizar transações é essencial.

Já no caso dos bancos e aplicativos, o professor diz que seria muito importante que a operação de um valor um pouco maior fosse concretizada só 30 ou 60 minutos depois, e que existissem canais em que as pessoas conseguissem informar com velocidade que não estão mais em posse de seus smartphones.

Milagre explica que os bancos estão disponibilizando empréstimos sem qualquer validação prévia ou checagem de identidade do cliente. 

“Ela deve acionar a Nubank e o Mercado Pago pelo que ocorreu. Se foi permitido um saque após a troca de senha, algo falhou. O banco é quem terá que provar que seus controles funcionam. É possível que se ela não pedir o ressarcimento, ela não receba o valor de volta, muito menos que o empréstimo seja cancelado”.

Os especialistas ainda dizem que é importante registrar um boletim de ocorrência e, se necessário, acionar a justiça, já que, em muitos casos, o Judiciário tem condenado as instituições e apps financeiros por falharem com controles básicos de segurança.

Conclusão do caso

Pelo Twitter, Thamires contou que, após diversas reclamações, tanto a Nubank, como o MercadoPago devolveram o dinheiro após analisar o ocorrido.

Procurada pelo R7, a Nubank compartilhou um link com mais informações de como atuar em situações como esta. O Mercado Pago não se pronunciou sobre o caso da estudante. 

Os usuários da rede, que acompanharam a história da estudante, se dividiram entre comemorar a vitória e expor suas histórias, já que, diferente dela, muitas pessoas não conseguem reaver a quantia perdida. O conselho de Thamires é que “continuem lutando e não desistam”.

E você, está protegido de golpes bancários? Veja 7 dicas dadas pelos especialistas para aumentar a sua segurança:

1. Não deixe aplicativos ou e-mail logados, principalmente em máquinas que não são seguras.
2. Mantenha o sistema operacional sempre atualizado, bem como os aplicativos
3. Tenha em mãos o código IMEI (registro de identificação próprio do celular, que pode ser obtido discando *#06#), os telefones das operadoras e bancos, para se necessário, proceder rapidamente com o bloqueio.
4. Remova a autenticação por biometria, isso pode dificultar a atividade do criminoso.
5. Em caso de roubo, troque não só a senha dos apps bancários, mas também do e-mail de recuperação.
6. Registre todos os passos e horários em que cancelou suas contas e cartões ou solicitou bloqueios.
7. Não leve aparelhos com aplicativos de banco e operadoras no dia a dia, de preferência deixe um dispositivo em casa com estes programas.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Pablo Marques

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