Pesquisa revela que sapinhos brasileiros perdem equilíbrio ao saltar
DIVERSOS
Publicado em 21/06/2022

 

Um dos menores vertebrados do mundo é brasileiro e vive na região da Serra do Mar, desde o Sul da Bahia até o norte de Santa Catarina. O grupo de sapinhos do gênero Brachycephalus entra no ranking por medir menos de um centímetro.

São anfíbios endêmicos da Mata Atlântica e, enquanto alguns apresentam coloração escura, outros possuem toxina e se destacam pelos tons amarelos e alaranjados.

Um artigo publicado recentemente na revista Science Advances, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo, comprovou outra curiosidade desse grupo peculiar de sapinhos: eles têm dificuldade de se equilibrar durante os saltos e caem de maneira descontrolada na aterrisagem, o que não é comum entre os anuros (anfíbios, rãs e pererecas).

 

“Esse trabalho nos mostrou que os canais semicirculares do ouvido interno (responsável pelo equilíbrio nos vertebrados) não atuam no equilíbrio do corpo desses sapinhos. O motivo para isso está relacionado ao tamanho da estrutura: como eles são muito pequenos, os canais do ouvido interno são muito pequenos também e não apresentam condições para a circulação do líquido que está relacionado ao balanço”, explica André Confetti, doutorando em zoologia na UFPR (Universidade Federal do Paraná) e coautor do artigo que foi encabeçado pelo Dr. Richard Essner, professor da Southern Illinois University Edwardsville, e pelo Dr. Marcio Pie, da Universidade Edge Hill (Reino Unido), em colaboração com outros pesquisadores.

 

O artigo, que é resultado de quatro anos de pesquisas, é o primeiro registro da perda do equilíbrio em um vertebrado como resultado da miniaturização.

 

 
O processo de miniaturização consiste na redução do corpo do animal. O mais interessante é que o grupo de sapos mais próximo de Brachycephalus, o gênero Ischnocnema, é composto por sapos de até 10x o tamanho dos “primos”, o que nos indica que ao longo da historia evolutiva de Brachycephalus, os sapinhos foram diminuindo de tamanho até chegar no tamanho das espécies atuais

O estudo contou com coleta dos animais em campo, na região metropolitana de Curitiba, e a análise dos sapinhos vivos no Laboratório de Dinâmica Evolutiva e Sistemas Complexos (PieLab), na Universidade Federal do Paraná.

“No laboratório eles foram estimulados a pular em um circuito de gravação, onde o salto foi gravado em câmera lenta. Além das gravações, nossos colaboradores da Universidade da Florida geraram o modelo 3D dos canais semicirculares de indivíduos das mesmas espécies gravadas. Com os dados em mãos, todos os co-autores trabalharam juntos em analisá-los e escrever o artigo. Esse foi o processo mais trabalhoso e demorado”, comenta.

O pesquisador afirma ainda que tirando o fato de que os sapinhos não conseguem se orientar para realizar o pouso, não há nenhuma desvantagem em relação à perda de equilíbrio, já que esses animais se locomovem caminhando pelo solo da floresta, geralmente em baixo das folhas caídas no chão, e raramente saltam.

 

Fonte: G-1

 

 
 
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