Metade dos brasileiros em situação de rua não tem registro no CadÚnico e não consegue acessar benefícios
05/08/2022 06:00 em DIVERSOS

 

Ana Rocha da Silva quer muito conseguir o registro no CadÚnico. Só quem está no cadastro pode ter acesso a benefícios sociais, como o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada.

 

“Hoje quem está me ajudando é o meu filho e a minha filha, porque desde a pandemia que eu estou desempregada. Não consigo emprego porque eu já tenho 62 anos”, conta.

Nereu Fialho Carvalho também tenta fazer o registro, mas ainda não conseguiu por causa das filas.

 

“Já é a 14ª vez que eu venho para conseguir, mas sempre que eu chego de manhã ou de noite já tem uma fila quilométrica e as senhas são limitadas”, reclama.

 

Sem o CadÚnico, milhões de brasileiros não existem para o governo. São pessoas em situação de vulnerabilidade que não aparecem nas estatísticas porque não estão no Cadastro Único do governo e, por isso, não conseguem ser atendidas pelas políticas públicas. E isso por vários motivos: entre eles, a falta de documentos, que atinge principalmente a população em situação de rua.

Um levantamento feito pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais mostrou que, no início da pandemia, em março de 2020, três em cada dez pessoas em situação de rua estavam fora do CadÚnico. Em dezembro do ano passado, a situação se agravou ainda mais: cinco em cada dez pessoas em situação de rua não tinham o registro no cadastro.

E o número de prefeituras que cadastram esses moradores diminuiu. Em 2020, eram 3.435 municípios. No ano passado, foram 2.055 municípios.

 

“Tanto o governo federal quanto os governos estaduais não têm coordenado, não têm monitorado, não têm avaliado essa importantíssima política pública. Já não faziam antes e nós víamos graves problemas; e não fizeram isso durante a pandemia e ainda não fazem isso. Os governos municipais, em outra medida, precisam se esforçar mais, precisam se organizar de uma melhor forma, colocar mais pessoas nas ruas, justamente para ir ao encontro dessas populações tão vulnerabilizadas que nós temos nas nossas cidades”, afirma André Dias, do POLOS-UFMG.

 

Helena Messias dos Santos Pereira passou dez anos nas ruas, e há dois meses está em um centro de reabilitação no Distrito Federal, mas continua sem nenhum documento.

 

“Está fazendo muita falta, muita falta mesmo. Porque sem documento a gente não é nada, né? Não é nada”, lamenta.

 

somente com números atualizados de quem vive em situação de rua, de quem não consegue ser atendido, o governo poderá administrar suas políticas públicas.

“Nós precisamos, urgentemente, do fortalecimento dessas políticas públicas, dessas bases de dados, para que as aplicações desses programas sociais sejam devidas para essas populações tão vulnerabilizadas e tão necessitadas no nosso país”, diz André Dias.

 

Fonte: G-1

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