Por sorte, a jornalista Paola Siman descobriu cedo que tinha diabetes. Durante uma crise de ansiedade, procurou uma unidade de emergência em Belo Horizonte e o médico pediu um exame de glicemia. O resultado estava acima de 500 - sete vezes mais que do normal, entre 70 a 90. Paola precisou ficar internada.
Só depois do susto Paola percebeu que estava com todos os sintomas. “Tinha perdido cinco quilos, muita sede e ia ao banheiro muitas vezes durante o dia”, relembra. Mas ela não está sozinha. Cerca de 8 milhões de brasileiros não sabem que têm diabetes, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes, organização que concentra associações de 160 países.
Na tentativa de alertar a população sobre os riscos da doença, o grupo Coalizão Vozes do Advogacy em Diabetes e Obesidade - que também reúne entidades e institutos de estudos e apoio a diabéticos - lançou uma campanha para tornar obrigatória a medição de glicose na entrada dos atendimentos de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS). A ação tem como tema "A prevenção salva vidas".
Paola Simam está entre os diabéticos que defendem o exame de glicemia nas urgências dos hospitais. “As pessoas já podem se cuidar, como aconteceu comigo, de forma correta para evitar as consequências graves da doença”.
Participam da campanha 22 associações e dois institutos de diabetes em Belo Horizonte e em Cambuí, no Sul de Minas. “É preciso que as pessoas tenham acesso gratuito ao exame de glicemia antes que a doença seja instalada em sua forma grave”, alerta a presidente do grupo Coalização Vozes, Vanessa Pirolo.
O grupo tenta a assinatura de uma petição que será enviada ao Ministério da Saúde. “Precisamos sensibilizar a sociedade. Já temos cerca de 800 assinaturas e queremos atingir a marca de 20 mil", acrescenta Vanessa. Acesse aqui o link da petição.
O pedido de inclusão dos testes na política nacional de diabetes foi feito em 2018, mas o artigo foi retirado em 2019 sob a alegação de que os custos seriam altos para o SUS, segundo Vanessa Pirolo.
O diabetes, muitas vezes, não provoca sintomas, mas pode causar consequências graves à saúde, como cegueira, amputação, problemas nos rins e cardiovasculares. A presidente da Associação de Diabetes Infantil (ADI), Maria Aparecida Marques Campos, lembra de um dos casos.
“Há cerca de cinco anos, tivemos dois casos muito tristes de duas crianças que foram internadas e não sobreviveram. Os pais não sabiam que elas tinham diabetes e o diagnóstico veio tarde demais”, relembra a presidente da Associação, criada há 17 anos e já prestou assistência para mais de 10 mil pessoas.
Fonte: Hoje em Dia