- Que legal o que você postou ontem. Me diz uma pessoa na rua.
Com o comentário, acabo falando sobre o pequeno texto que havia escrito em minha página no Facebook.
- Não... eu não cheguei a ler não... Tô falando da foto. Responde a pessoa. Eu sem graça agradeço, pois, a foto que ilustrava o texto também era minha, mas o que eu queria mesmo é que a pessoa tivesse lido o que escrevi.
Isso foi há alguns anos e depois a coisa repetiu-se de forma parecida algumas vezes. E o contrário também.
Postagens que fiz sem grande importância, acabaram “viralizando”. Fui constatando na prática o que estudos mais profundos já demonstraram. Além dos tais algoritmos que também definem o que vai ser mais ou menos visto, a superficialidade nas redes sociais é pior do que imaginava. O troço é fei com um buraco no mei.
Ter a chamada grande interação nas redes, com milhares ou milhões de seguidores, curtidas e compartilhamentos, para muitos, é sinal de sucesso. Mesmo que para alcançar isso valham-se de sensacionalismo, demagogia, o tal do “se torcer sai sangue” e os tais impulsionamentos pagos. Pouco importa o conteúdo e a credibilidade.
Claro que as vezes é bom ser visto, ser reconhecido, mas qual o real grau de envolvimento e conhecimento daqueles que dão “likes” e compartilham o que você publica?
“Fulano tem tantos mil seguidores e tá lucrando alto com isso. ” Mas não conversa nem com os vizinhos.
O outro teve não sei quantas visualizações, mas ninguém o leva muito a sério. Também não se aproveita quase nada dos comentários rasos postados junto ao seu vídeo, foto ou texto. No dia seguinte ninguém nem lembra mais o que foi dito ou escrito.
Nada contra os vídeos engraçados, as piadas, os memes, até porque eu também os produzo. Triste é saber que infelizmente grande parte dos usuários das redes não tem o menor interesse sequer em ler. Quando o fazem, têm imensas dificuldades de interpretação. Não entendem sequer uma manchete ou uma ironia.
Há pouco tempo um desses palpiteiros de internet fez um comentário em uma matéria e eu até hoje não sei se estava elogiando ou criticando, tal a dificuldade dele de se expressar. E não estou falando de quem tem pouca ou nenhuma escolaridade. Até porque algumas destas pessoas mais simples nos surpreendem com uma capacidade de entendimento muitas vezes maior que alguns “doutores”.
De tudo que existe no mundo, acho que eu sei bem sobre algumas coisas, um pouco de outras e nada da maior parte. Fico é besta de ver como cada vez mais tem corajosos em redes sociais que “sabem tudo”. Dos mistérios do universo à Constituição da República, das religiões à qual perna o saci não tem.
São os espalhadores de desinformação, preconceitos, ódios.
Até onde isso vai parar?
Vai parar?
Vai melhorar?
Quando?
Não sei.
Fonte: Jornal Leopoldinense