A chefe de Educação do Unicef no Brasil, Mônica Dias Pinto, faz um alerta para a situação do ensino no país e defende mais investimentos na área para evitar a evasão escolar e garantir a recuperação da aprendizagem.
Entre aqueles que evadiram, 48% dizem que o principal motivo para deixar a escola foi a necessidade de trabalhar fora. Em segundo lugar, 30% afirmaram que saíram por não conseguirem acompanhar as aulas.
Além disso, 21% dos alunos que frequentam a escola pensaram em desistir nos últimos três meses (em relação a agosto de 2022, quando a pesquisa foi realizada). Entre as razões citadas,
- 50% dizem que não conseguem acompanhar as explicações ou atividades passadas pelos professores;
- 38% sentem que a escola é desinteressante; e
- 35% não se sentem acolhidos na sua escola.
Falta de transporte, dificuldade financeira e gravidez também aparecem em menor porcentagem.
Aulas presenciais animam estudantes
Apesar dos obstáculos, segundo a pesquisa, entre os que estão frequentando a escola, 84% dos alunos afirmaram estar interessados nos estudos, 71% se sentem animados e 70% estão otimistas com o futuro.
A volta das atividades presenciais é parte da razão para um índice tão alto, mesmo com as dificuldades de readaptação à rotina de estudos.
Em comparação com o período pré-pandemia, 52% estão frequentando mais as aulas e 46% estão participando das aulas por um tempo maior.
No entanto, o levantamento mostra que ainda há escolas fechadas, oferecendo apenas aulas remotas. Enquanto 92% dos estudantes dizem que a sua escola só tem aulas presenciais, ainda há 5% que afirmam ter aulas presenciais e remotas, e 3% que têm apenas aulas remotas.
“Não se pode mais aceitar que escolas continuem fechadas no Brasil em meados de 2022. É urgente tomar as medidas necessárias para que cada criança e adolescente possa estar presencialmente na escola, sem exceção”, afirma Mônica.
A pesquisa “Educação brasileira em 2022 – a voz de adolescentes”, foi realizada pelo Ipec a pedido do Unicef. O levantamento foi feito de 9 a 18 de agosto de 2022. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Foram ouvidos estudantes que estão na rede pública de ensino e também aqueles que não completaram o ensino médio e não estão mais frequentando a escola.
Ao todo, foram realizadas 1.100 entrevistas com meninas e meninos de 11 a 19 anos, organizadas de modo a ser representativas da população-alvo do estudo.
Fonte: G-1