A cuidadora de idosos Alba Valéria Campos passou o aniversário de 59 anos com fortes dores no couro cabeludo, na nuca e na orelha. Após sair do salão, o Instituto Beleza Natural do Cachambi, a mulher conta que estava com algumas “bolinhas” no couro cabeludo após passar pelo procedimento.
“Eu fui fazer o tratamento, o relaxamento e também a pintura. Ficou lindo, eu gostei. Mas aí, de um dia para o outro deu um problema. Começou a aparecer bolinhas, muita coceira. Fui no [Hospital] Salgado Filho, fui socorrida. Porque queima muito”, disse Alba Valéria.
No dia seguinte ao tratamento capilar, aniversário de Alba, ela procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Engenho de Dentro, com placas no couro cabeludo e olhos já inchados. Ela foi medicada e voltou para casa.
Porém, o inchaço aumentou e ela, com a ajuda da filha, buscou a emergência Hospital Salgado Filho, no Méier, sem conseguir abrir os olhos. Ela procurou a unidade de saúde duas vezes. Na segunda, ela também estava com sinais de inchaço no pescoço.
Ela já tinha feito os mesmos tratamentos outras vezes no salão.
“Eu já faço um bom tempo lá. A minha filha ligou na sexta e eles vieram entrar em contato na segunda. Eles marcaram dermatologista ontem. Aí eu fui e o dermatologista passou o mesmo remédio do Salgado Filho e falou que era para eu voltar na segunda ou terça que vem”, disse a cuidadora de idosos.
Na segunda (19), a família registrou o caso na 24ª DP (Piedade) e Alba passou por um exame de corpo de delito que comprovou as lesões por ação química.
Segundo a Polícia Civil, o caso é investigado e diligências estão em andamento para esclarecer os fatos.
O salão entrou em contato com a cliente e a orientou a ir em uma consulta com um médico dermatologista indicado e custeado pela empresa na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
A médica diagnosticou eczema de contato com infecção secundária após tratamento capilar que evoluiu com edema, dor e saída de secreção clara de todo o couro cabeludo.
Eles também prometeram arcar com os custos de farmácia já que, por causa do problema, Alba não está indo trabalhar. O Beleza Natural se comprometeu ainda a acompanhar o caso até o final.
O Instituto Beleza Natural afirmou que todos os produtos usados são liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A médica dermatologista Bruna Duque Estrada afirma que é preciso uma série de cuidados antes de procedimentos químicos nos cabelos. E que o cabeleireiro responsável faça uma anamnese, ou seja, pergunte para o cliente sobre seu histórico e se ele já teve casos de alergia.
“É muito importante que esse profissional que cuida dos cabelos, que faz os tratamentos químicos nos cabelos das clientes faça uma anamnese antes para, pelo menos, fazer uma triagem em relação aos possíveis danos que essa paciente já possa ter no couro cabeludo ou possíveis alergias prévias, que ela já possa ter tido a algum produto químico utilizado no couro cabeludo”, afirmou a médica.
Além do histórico de alergias em salões, é preciso saber quais são os produtos usados em casa.
“Além disso, é importante que se pergunte as práticas em casa. Se usa chapinha, se usa secador, se ela costuma fazer a escova progressiva entre os dias que ela vai no salão, em casa, e se costuma usar outra coisa em casa que possa sensibilizar o couro cabeludo”, disse Duque Estrada.
Fonte: G-1