O robô responsável por ajudar a polícia a atender as exigências de um criminoso durante sequestro com reféns na Brasilândia, zona norte de São Paulo, na sexta-feira (21), é usado principalmente para ações da polícia em ataques e roubos a bancos nos quais os suspeitos utilizam bombas. Os agentes usam o mecanismo para desarmar os artefatos evitando que policiais se aproximem e fiquem feridos numa possível explosão. No sequestro desta sexta, ele desempenhou uma função diferente: entregar cigarro e água solicitados pelo criminoso na negociação.
De acordo com o tenente Amorim, do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), em todo o estado existem dois robôs desse modelo, conhecidos como Caliber T5, de origem canadense. O utensílio foi utilizado, inclusive, na ação policial contra o ataque a agências bancárias de Araçatuba, no interior de São Paulo, onde os assaltantes chegaram a fazer diversas vítimas de escudo humano para impedir a ação da polícia.
"Nesse caso de sequestro com reféns, o carro era blindado e o cara estava armado, então a gente utilizou o robô porque não tem esse perigo da troca de tiros, do homem abrir a porta e agredir um policial", explicou Amorim, que esteve no local do crime ocorrido na manhã de sexta-feira (21)
Ainda segundo o tenente, o robô é utilizado desde que o Gate foi fundado, há 34 anos. No decorrer do tempo, a tecnologia foi se aprimorando, sendo que a última atualização do equipamento foi em 2016. Ele é capaz de levar itens pequenos, como cigarros, como no caso do sequestro ocorrido na Brasilândia.
O Caliber T5 tem funções como uma garra giratória, utilizada para entregar também uma garrafa de água ao criminoso. Possui ainda câmera, sistema de som para que os agentes e os suspeitos possam se comunicar à distância e uma série de acessórios acoplados para desativar explosivos, conforme explica o cabo Piqueres.
O robô, produzido pela empresa Icor, é operado pelos próprios agentes especialistas em desativar bombas, de forma remota. Eles usam um painel de controle, com um dispositivo muito semelhante a um tablet, e manuseiam o utensílio.
Três suspeitos abordaram um casal que estava à caminho do trabalho e o sequestraram. Testemunhas que perceberam o crime acionaram a polícia, passando as características do veículo, uma Land Rover, modelo Velar, blindada e avaliada em mais de meio milhão de reais. A polícia fez buscas pela região, encontrou o carro onde as vítimas estavam sendo ameaçadas e deu ordem de parada, que não foi obedecida. Dois criminosos conseguiram fugir. Houve uma perseguição e, quando chegaram na região da Brasilândia, próximo à uma escola, houve uma troca de tiros.
O sequestrador remanescente (à direita na imagem), identificado como Bruno, iniciou uma negociação com os policiais. Após quase três horas, Bruno deixou a mulher ir. Cerca de cinco minutos depois, ele libertou o homem e se entregou. De acordo com as investigações, o objetivo inicial do trio era obrigar o casal de comerciantes a realizar transferências bancárias via Pix. Os criminosos teriam exigido R$ 2 milhões. As vítimas foram resgatadas sem ferimentos. 'Não caiu a ficha ainda', disse Silvana (à esquerda), ao ser libertada após o sequestro. Além de Bruno, outras duas pessoas foram presas por suspeita de atuarem como "conteiras", ou seja, fornecer contas bancárias para que as operações fossem realizadas.
Fonte: R7