Grupo denuncia Carla Zambelli por racismo em caso que ela apontou arma para homem em SP; 'Eles usaram um negro pra vir em cima de mim', diz a deputada
DIVERSOS
Publicado em 30/10/2022

 

O Grupo Prerrogativas, coletivo formado por juristas em defesa dos direitos humanos, denunciou a deputada federal Carla Zambelli (PL) por racismo durante o caso em que ela apontou a arma para um homem nos Jardins, em São Paulo, neste sábado (29), véspera das eleições.

Ao dar sua versão sobre o que ocorreu, Zambelli disse que "usaram um negro" para ir em cima dela.

"To fazendo um boletim de ocorrência. Eu fui agredida. [...] Me empurraram no chão. Um homem negro. Eles usaram um negro pra vir em cima de mim", diz ela em vídeo (veja abaixo).

De acordo com Sheila Carvalho, advogada do Grupo Prerrogativas, eles registraram boletim de ocorrência no 4º Distrito Policial por racismo, agressão, e porte ilegal de armas na véspera da eleição.

 

"Viemos aqui denunciar ela por racismo, porque ela coloca isso como elemento estruturante, da necessidade de ela se sentir ameaçada. E também por agressão porque esse jovem sofreu na tarde de hoje na Paulista, região onde estava ocorrendo manifestação pró-Lula. É importante que as autoridades policiais investiguem pelos seus atos e que a Justiça Eleitoral aja pela suspensão do mandato", disse Sheila.

 

Zambelli, com a arma em riste, atravessou a rua Joaquim Eugênio de Lima com a Alameda Lorena seguindo o homem, o jornalista Luan Araújo. Ele entrou no bar e Zambelli foi atrás. No vídeo, é possível ouvir a deputada gritar: "Deita no chão".

Em suas redes sociais, ela mostrou um machucado no joelho e disse que foi cercada e agredida. Outro vídeo gravado por pessoas que presenciaram o acontecido, entretanto, mostra quando, momentos antes de apontar a arma, Zambelli tropeça e cai no chão ao tentar perseguir o homem. No vídeo, também é possível ouvir barulho de tiro (veja abaixo).

Sequência dos fatos de acordo com vídeos e testemunhas:

 

  • Zambelli estava de saída em um restaurante da Alameda Lorena
  • A deputada diz perceber que um grupo grita o nome de Lula e quando sai do restaurante, ainda segundo ela, é xingada
  • Na calçada na Alameda Lorena ela discute com um homem que, em um dos vídeos, ele fala: "Amanhã é Lula, papai"
  • No vídeo dá para ver que a deputada, de camiseta verde, tenta partir para cima do homem negro
  • Uma das imagens mostra que ela caiu na calçada
  • O homem se afasta, mas Carla Zambelli vai atrás
  • Um outro homem, segurança de Zambelli, que também estava no tumulto, saca a arma e também corre
  • Outras pessoas vão atrás e, pouco depois, é possível ouvir um disparo
  • O homem perseguido corre para dentro de um bar na esquina com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima
  • Em outro vídeo é possível ver a deputada andando com uma arma em riste
  • Ela entra no bar e manda o homem se deitar

Momentos depois, Zambelli divulgou vídeo em suas redes sociais contando sua versão.

"To fazendo um boletim de ocorrência. Eu fui agredida. [...] Me empurraram no chão. Um homem negro. Eles usaram um negro pra vir em cima de mim", diz ela no vídeo.

 

"Eram vários. Aí eu estava aqui saindo do restaurante, eles tinham visto a gente antes, no vidro aqui, vários homens se aproximaram, uma mulher de camiseta vermelha ficou do lado de lá dando cobertura. Todos eles se evadiram. [...] E aí quando me empurrou, eu caí, saí correndo atrás dele, falei que ia chamar a polícia, que ele tinha que ficar aqui para esperar polícia chegar."

Depois, ela divulgou uma nota (leia abaixo).

Em nota, a Polícia Militar diz que foi acionada "por volta das 16h30 deste sábado (29), para atendimento de ocorrência na Alameda Lorena, Jardins, região central da capital. No local, uma deputada federal informou que estava em um restaurante quando passou a ser ofendida e empurrada por pessoas não identificadas, motivo pelo qual sacou a pistola que portava. O caso será apresentado ao plantão do 78º DP (Jardins), em funcionamento no prédio do 4º DP (Consolação), para registro do boletim de ocorrência e devidas providências de polícia judiciária", diz a nota.

 

Testemunhas

 

Testemunhas ouvidas pela TV Globo relatam que houve correria quando pedestres e clientes de restaurantes viram a deputada federal Carla Zambelli (PL) sacando uma arma em direção a um homem no meio da rua nos Jardins, área nobre de São Paulo, neste sábado (29).

 

"A gente estava aqui sentado conversando, quando vimos um princípio de tumulto, a uns 100 metros daqui. E aí nesse princípio de tumulto, ouvimos dois disparos. Todo mundo se assustou. Teve gente que correu. A gente correu para dentro do bar. Nisso que a gente correu para dentro do bar, algum deles falou 'corre para fora'. Uma turma correu para fora, só que eu fiquei entre duas mesas. Foi a hora que o rapaz entrou correndo dela."

"Entraram dois seguranças dela e um deles gritava 'aqui é polícia', dando tapa no cara. Ela entra logo depois. Nisso que ela entra logo depois, eu já levanto as mãos, porque fiquei entre duas mesas, e aí eu levanto as mãos e aí ela entra xingando e o rapaz falando 'eu não quero morrer, não quero morrer, para de apontar arma para mim'. Aí ela vira arma para a minha cara, depois volta para ele. E eu só com mão para cima. Um cara de azul me tira do meio da confusão. Sai meio assustado e a perna tremendo está ainda", diz João Guilherme Desenz, vice-presidente estadual da Juventude Socialista do PDT.

O advogado Victor Marques também relatou o que viu. "Ela veio com a arma apontada no meio da rua. chegou com arma apontada correndo no meio da rua e a todo momento apontada. Em nenhum momento abaixa a arma e ela o faz pedir desculpas. Só ia liberar se pedisse desculpas".

 

As testemunhas ainda relataram o que a deputada falava para o rapaz dentro do bar. "Pro chão, pro chão, pro chão. A todo momento determinando que fosse para o chão", diz Victor.

"Deita no chão, deita no chão. Você me xingou, você me xingou. Vai pro chão", acrescenta João Guilherme.

 

Fonte: G-1

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