"A aposta foi sem cartório, sem nada, porque no interior é desse jeito, não precisa de papel nem caneta. É na palavra mesmo. Muita gente duvidava, achava que era brincadeira porque a gente é amigo, mas nós fizemos um acordo. Decidimos que quem ganhasse vai receber ‘de boa’, sem zombamento. A gente é amigo. A política passa e a amizade fica", disse Júnior ao g1.
Após o resultado das eleições ser anunciado no último domingo (30), com a vitória de Lula e a derrota de Bolsonaro, Hamilcar Júnior procurou o amigo para fazer a entrega do caminhão, porém Ronaldo só aceitou ficar com o prêmio no dia seguinte.
"Quando saiu o resultado, eu decidi entregar logo o carro. Ele já estava comemorando e então fui dar outro motivo de comemoração. Eu estava ciente que o carro não era mais meu. Passei a noite sem dormir, chateado porque tinha perdido a eleição e chateado que tinha feito uma besteira", relembrou o caminhoneiro.
Na segunda-feira (31) pela manhã, o lulista aceitou receber o caminhão da aposta e a primeira atitude que teve foi retirar os adesivos de Bolsonaro do veículo.
Já na quarta-feira (2), Junior recebeu uma ligação de um amigo chamando para almoçar em um restaurante do município, que é de propriedade do Ronaldo.
"Quando eu cheguei, eles já tinham premeditado tudo. Já estava esse nosso amigo, um advogado e outro motorista. Ronaldo estava com a chave do carro na mão para me devolver", contou.
Prêmio convertido em cestas básicas
Segundo o bolsonarista, ele já esperava que o amigo iria ter alguma atitude, mas foi pego de surpresa com a devolução do caminhão.
"Eu esperava alguma ação dele por a gente ser amigo. Para ser sincero, eu esperava que esse carro ia voltar para mim, mas de outra forma, que ele ia facilitar um pagamento, porque eu não ia deixar de comprar um carro que já conheço para comprar outro. Mas não, ele pegou todo mundo de surpresa", afirmou Júnior.
Além da aposta dos caminhões, os dois amigos decidiram que o ganhador deveria doar também cestas básicas. Com isso, Júnior também ficou responsável pela doação de alimentos.
"Em momento nenhum eu me maldisse porque o erro foi nosso, quem aposta está sujeito a perder ou ganhar. Isso nunca aconteceu na minha vida e não vai acontecer de novo. Serviu de exemplo. [...] Se Deus não toca no coração dele, eu não sei o que iria fazer", falou o caminhoneiro.
Além do caminhão, Ronaldo também ganhou em outra posta nas eleições um cavalo, avaliado em R$ 50 mil.
Júnior falou que o amigo ordenou ao próprio filho que vendesse o cavalo e convertesse o dinheiro em cestas básicas, para serem doadas na cidade.
Fonte: G-1