Controlar a inflação foi o desafio de 2022 e perspectivas para 2023 não são positivas
DIVERSOS
Publicado em 03/01/2023

 

Uma verdadeira tempestade se abateu sobre a economia mundial em 2022 e provocou uma disparada nos preços que atingiu em cheio o Brasil e o bolso dos brasileiros. Desde o reaquecimento da demanda após dois anos de pandemia até uma guerra de consequências mundiais, foram vários os fatores que fizeram a inflação explodir já nos primeiros meses de 2022. E a má notícia, de acordo com o economista Márcio Salvato, professor do Ibmec, é que o cenário desenhado para 2023 não permite previsões mais otimistas.

A inflação encerrou 2022 em 5,9%, com um pico de 12,13% registrado em abril, considerando o acumulado de 12 meses. Uma inflação que afetou todas as classes e todas as regiões do país e que bateu recordes, chegando a níveis raramente alcançados durante o Plano Real. 

Em março, por exemplo, a inflação foi de 1,62%, a maior para o mês desde 1994. Em abril, o Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial utilizado para as políticas econômicas do governo, bateu em 12,13%, na soma de 12 meses. Muito longe do teto da meta inflacionária, estabelecida pelo Banco Central, que em 2022 era de 5% no fim de dezembro.

“Não esperamos picos de inflação ou índices tão acelerados quanto em 2022, mas ainda devemos fechar o próximo ano com uma inflação acima da meta do Banco Central”, destaca o professor, apontando que a taxa deve ficar em torno de 5,08%.

Márcio Salvato lembra que o ano começou na esteira dos problemas vividos desde 2020, com o início da pandemia. Vários fatores, segundo o economista, criaram um cenário de “inflação de oferta”, quando a quantidade de produtos disponíveis é menor que a necessidade dos consumidores, e que este contexto deve persistir nos próximos meses. 

“Durante a pandemia, houve um desalinhamento das cadeias produtivas, com problemas de entrega de vários itens, inclusive com falta de alguns componentes eletrônicos e chipes, que fez surgir fila de espera para veículos, por exemplo. Houve também um retorno de várias atividades comerciais, aumentando a demanda; e logo no início do ano, em fevereiro, houve uma pressão mundial de preços com a guerra entre Ucrânia e Rússia”, enumera. 

A previsão do mercado financeiro para o IPCA registra um aumento em relação à projeção da semana passada. O índice passa de 5,23% para 5,31%. Para 2024 e 2025, as projeções são de inflação em 3,65% e 3,25%, respectivamente

Dragão ainda está longe de ser domado, analisa mercado

E se em 2022 fomos aterrorizados pelo fogo do dragão da inflação, para 2023 ele ainda não deve ser domado. A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, registra um aumento em relação à projeção da semana passada. O índice passa de 5,23% para 5,31%. Para 2024 e 2025, as projeções são de inflação em 3,65% e 3,25%, respectivamente.

A estimativa consta na edição desta segunda-feira (2) do Boletim Focus, pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para alcançar a meta de inflação, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.

Para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic seja mantida nos mesmos 13,75% ao ano na primeira reunião do ano, marcada para 31 de janeiro e 1º de fevereiro. Mas para o fim de deste ano, a estimativa é de que a taxa básica fique em 12% ao ano, contra 11,75% ao ano previstos na semana passada.

Fonte: Hoje em Dia

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