Quadrilha falsificava documentos de universidade para obter registros para falsos médicos
DIVERSOS
Publicado em 04/07/2023

 

A Polícia Federal descobriu uma quadrilha que falsificava documentos de faculdades de medicina para obter registros e vendê-los para falsos médicos. Pelo menos 65 registros foram obtidos junto ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) com documentos falsos. O Fantástico deste domingo (2) trouxe os detalhes dessa investigação.

Os suspeitos criavam os documentos falsos muito parecidos com os originais. Usavam papel de qualidade e reproduziam o logotipo de universidades. Na maioria das vezes, os dados eram da Uneb - Universidade do Estado da Bahia

Segundo o delegado da Polícia Federal Francisco Guarani, “a investigação conseguiu apontar que de fato existia uma estrutura empresarial nessa venda de diplomas falsos e históricos escolares falsos.”

 

Com documentos falsos, qualquer um poderia se passar por estudante de medicina formado. Como são as universidades que enviam a primeira documentação dos alunos formados para os conselhos regionais de medicina, os criminosos também criaram e-mail falso em nome das instituições de ensino.

No caso da Uneb, a quadrilha usava o e-mail "validacao@portaluneb.gov.br" e conseguiu enganar o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro.

 

 

Depoimentos de supostos médicos

 

 

Um dos investigados é Diego da Silva Jacome de Lima. Ele contou em depoimento à PF que é enfermeiro, que nunca foi ao campus da Uneb, que pagou R$ 45 mil e recebeu em casa toda a documentação falsa.

Marcelo Salgueiro Bruno, dono de uma empresa de ambulância e enfermeiro, também disse em depoimento que pagou R$ 45 mil por documentos. Ele recebeu uma pasta com selo e logotipo iguais aos da Uneb com histórico escolar, diploma e até monografia.

Jonny Teixeira Carreiros contou à polícia que estudou medicina no Paraguai, mas não se formou. Segundo a PF, ele pagou R$ 80 mil pelo esquema. Ele foi preso em fevereiro deste ano, quando trabalhava como médico e passou 9 dias na cadeia. Os advogados dele disseram que ele foi vítima de um golpe.

 

Cássia Santos de Lima Menezes admitiu em depoimento que chegou a dar plantões. Ela é enfermeira de formação e chegou a gastar R$ 400 mil com os documentos falsos. Em nota ao Fantástico, o advogado disse que ela é inocente e já prestou esclarecimentos às autoridades.

Fantástico não conseguiu contato com a defesa dos outros investigados citados.

 

 

Prisões

 

 

Em junho, a PF cumpriu quatro mandados de prisão e três pessoas foram presas: Valdelírio Barroso Lima, Reinaldo Santos Ramos e Francisco Gomes Inocêncio Junior, que é médico. A quarta pessoa, Ana Maria Monteiro Neta, apontada como chefe da quadrilha, está foragida.

 

 

Uneb e Cremerj

 

 

A Uneb disse que todos os documentos recebidos pelo Cremerj não foram emitidos ou assinados pela universidade e são ilegítimos.

O Cremerj percebeu uma das fraudes quando uma funcionária desconfiou de documentos e avisou à Polícia Federal, que começou uma investigação. O órgão mudou o processo de checagem e anulou todos os sessenta e cinco registros obtidos com documentação falsa.

O Conselho Federal de Medicina quer criar protocolos de checagem em todo o país. De acordo com o presidente do conselho, José Hiran Gallo, uma equipe vai aos conselhos regionais para levantar dados e entender a fragilidade do sistema para trabalhar numa correção.

 

 

Fonte: G-1

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