O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a queda de juros no país e fez críticas ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
“Não pensem que eu acho que o juro tá baixo. O juro ainda tá alto”, disse Lula, nesta sexta-feira (1º), ao participar de evento no Ceará.
O presidente não se referiu nominalmente a Campos Neto, chamando-o somente de “cidadão do Banco Central” ou “presidente do Banco Central”.
Ele voltou a criticá-lo dizendo que Campos Neto “precisa saber que é presidente do Banco Central do Brasil”, não de outro país.
“E precisa abaixar os juros. Não é possível. Como que o empresário vai investir? Como que vai fazer uma fábrica? Como vai fazer um investimento qualquer, se ele vai pegar a taxa de juros muito alta? Então nós vamos continuar brigando”, declarou.
Lula também disse ao público presente que era importante todos saberem que “o presidente do Banco Central não foi indicado por nós, foi indicado pelo governo anterior”.
“O Banco Central agora é autônomo. Não tem mais interferência da Presidência da República, que podia chamar o presidente do Banco Central e conversar. Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem o indicou, e quem o indicou não fez coisas boas nesse país. A sociedade brasileira vai descobrir com o tempo”, completou.
O presidente ainda afirmou que a Caixa Econômica Federal (CEF), o Banco do Brasil (BB), o Banco da Amazônia (BASA), o Banco do Nordeste (BNB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “só tem sentido existir se for para fazer coisa diferente do que fazem os bancos privados”.
“Se for para fazer igual, não precisa existir. O BNDES tem que ter muito dinheiro para investir no desenvolvimento industrial, na nova energia que vai ser produzida nesse país”, continuou.
“Ninguém pode competir com o Brasil e precisamos ter dinheiro para investir. E dinheiro para investir a juros baratos”, concluiu.
Crescimento do PIB precisa ser distribuído, diz Lula após resultado do trimestre
Em sua fala, Lula também disse que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil precisa ser distribuído.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou, nesta sexta, que a economia do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023, em comparação com o trimestre anterior, de acordo com dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais.
“A gente não pode ficar assistindo na televisão que o PIB cresceu, mas não foi distribuído. Porque nunca foi nesse país”, declarou o presidente ao participar de evento no Ceará.
“O PIB começou a crescer e ser distribuído quando nós resolvemos aumentar o salário mínimo em 77%, quando nós governamos esse país da outra vez porque, se não, não tem sentido”, completou.
Lula disse que esperava que “alguns economistas brasileiros e o senhor presidente do Banco Central” estivessem assistindo à solenidade.
“Essa gente precisa compreender que o dinheiro que existe nesse país precisa circular nas mãos de muita gente. Porque, se o dinheiro ficar parado na mão de poucas pessoas, é concentração de riqueza. Mas se o dinheiro é distribuído para muita gente, essa muita gente, que pega dinheiro como vocês, que compra e produz alguma coisa, esse dinheiro vai gerar mais emprego, mais desenvolvimento, mais comércio, vai gerar mais fábrica”, acrescentou.
“Quando disse que eu queria que alguns economistas tivessem assistindo a esse ato, é para perceber o benefício que acontece no país quando a gente acredita no povo trabalhador e mais humilde”, concluiu.
Evento no Ceará
O discurso de Lula foi feito durante evento em Fortaleza, no Ceará, que celebrou o aniversário de dois anos de programas de microcrédito urbano e rural do Banco do Nordeste – o Crediamigo e o Agroamigo.
De acordo com o Palácio do Planalto, o Crediamigo completa 25 anos e tem o objetivo de “contribuir para o desenvolvimento socioeconômico dos empreendedores”.
“O programa atende atualmente cerca de dois milhões de pessoas em quase dois mil municípios e conta com uma carteira ativa próximo a R$ 5 bilhões. Entre seus clientes, 18% têm renda familiar mensal de até R$ 700 e 16% têm renda familiar de R$ 700 até R$ 1 mil”, informou o Planalto em comunicado.
Já o Agroamigo, que completa 18 anos em 2023, tem o objetivo de desenvolver a agricultura familiar “mediante a concessão de microcrédito rural, produtivo, orientado e acompanhado, de forma sustentável”.
“O programa atende atualmente 1,3 milhão de produtores rurais com microcrédito e conta com uma carteira ativa de R$ 6,6 bilhões. O perfil dos clientes desta modalidade mostra que 75% estão na região do semiárido e quase a metade (47,5%) são mulheres”, disse o Planalto.
Fonte: Rádio Itatiaia