Sem descanso: busca por desaparecidos em Brumadinho ultrapassa 1,8 mil dias
MINAS
Publicado em 26/01/2024

 

Após 1.826 dias da maior tragédia socioambiental do país, equipes do Corpo de Bombeiros seguem empenhadas na busca pelos corpos das últimas três vítimas do desastre ocorrido em Brumadinho, na Grande BH, após o rompimento de uma barragem da Vale. Incansáveis e determinados, 17 militares atuam 12 horas por dia nas áreas tomadas pela lama para devolver as "joias" - como são chamadas as vítimas - às famílias.

O desastre de 25 de janeiro de 2019 que matou 272 pessoas - incluindo os bebês de duas mulheres que estavam grávidas - completa cinco anos nesta quinta-feira. De lá pra cá, a operação de resgate mudou, mas a entrega e a disposição dos bombeiros permanece a mesma. "Trabalhamos para ajudar os familiares a colocar um ponto final nesta dor do luto", afirma o tenente Henrique Barcelos. 

Atualmente porta-voz da corporação, Barcelos é um dos bombeiros que tem identificação com a cidade. Na época da tragédia, ele ainda era da equipe de atendimento e foi deslocado para Brumadinho. Segundo ele, foram dezenas de situações marcantes. 

O tenente lembra de um pai, que estava sempre acompanhado da filha, na busca pela outra filha desaparecida. Ambos iam ao local diariamente. “Era muito triste ficar vendo aqueles dois rostos desolados. No dia que encontramos ela, fui um dos responsáveis em dar a notícia, me marcou muito”.

Resgate
Atualmente, os 17 militares empenhados em Brumadinho fazem trabalhos mais específicos e direcionados. Antes era utilizado um maquinário pesado, com escavadeiras, para a retirada da lama e dos rejeitos. Agora, o equipamento atual é capaz de "filtrar" o material recolhido para verificar se há indícios de segmento humano. Segundo os Bombeiros, as estações de buscas foram ampliadas.

“É uma fase mais avançada que depende mais da tecnologia. Ao longo desses cinco anos foi necessário adaptar diversas estratégias nas buscas”, acrescenta Henrique Barcelos. Segundo ele, essa é a oitava fase do resgate.

"O bombeiro militar, desde o primeiro dia de formação, é ensinado a cumprir a missão. E Brumadinho tem se tornado uma dessas missões que o militar se empenha ao máximo para ter êxito", disse o tenente.

Brumadinho
O rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão ocorreu às 12h28 de 25 de janeiro de 2019. No momento, trabalhadores da empresa Vale estavam no refeitório. Além das vidas perdidas, a tragédia gerou uma série de impactos ambientais e econômicos para Brumadinho e municípios da bacia do Rio Paraopeba.

Ao todo, 9 milhões de metros cúbicos (m3) de rejeitos vazaram. A lama percorreu mais de 7 km e atingiu o rio que é um dos afluentes do São Francisco, responsável pelo abastecimento de 2,3 milhões de pessoas, inclusive da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Fonte: Jornal Hoje em Dia

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