Período de diversão e festas, o carnaval é capaz de despertar e estimular emoções agradáveis, como a alegria. Essa emoção, em seus diferentes níveis, leva as pessoas a sentir do prazer sensorial à euforia. O problema é que, dependendo da intensidade desses sentimentos, temos dificuldade em analisar situações com calma, para tomar uma decisão responsável.
Segundo o educador e fundador do Programa Semente, Eduardo Calbucci, qualquer momento que envolve uma emoção de alta intensidade prejudica a capacidade das pessoas de fazer boas escolhas. Por isso, o carnaval é uma época mais suscetível para comportamentos impulsivos. Excesso de consumo de bebidas alcoólicas, uso de drogas, relações sexuais sem proteção, mistura de bebida e direção, tudo isso acaba acontecendo nesse período de festas e dificulta a capacidade de julgamento. “Como se não bastasse as emoções estarem à flor da pele, ainda podemos ter esses outros elementos que prejudicam ainda mais a tomada de decisões”, afirma o educador.
Fazer uma escolha responsável é essencialmente saber medir consequências de curto e longo prazo. “Muitas vezes, controlar os impulsos é perder um prazer de curto prazo em nome de um benefício de longo prazo”, ressalta Calbucci. Em momentos como esse, tomar decisões responsáveis é algo difícil, mas existem estratégias que podem ajudar, e uma delas é contar com a boa vontade dos amigos.
“Se puder falar para um amigo que você costuma não fazer boas escolhas nesse período, peça para que ele alerte você, caso você esteja fazendo alguma coisa que normalmente você faria. Dessa forma, você consegue reavaliar a situação. Pode ser uma estratégia simples para fazer com que a pessoa repense as consequências dessa ação”, diz o educador.
E se algum desconhecido estiver prestes a cometer algum ato impulsivo? Segundo Calbucci, o carnaval também é uma época para que as pessoas tentem ser, na medida do possível, empáticas. Alguém que bebeu demais e precisa de ajuda; uma mulher que está passando por assédio; alguém que se tornou agressivo. Em cada situação, é possível agir de forma responsável para dar apoio a quem precisa. “Num momento de raiva e agressividade, por exemplo, o ideal é afastar essa pessoa do foco da confusão. Um dos elementos mais simples para controlar a raiva é justamente você sair do olho do furacão. Em geral, é só se afastar para diminuir a intensidade da emoção do momento”, indica o educador.
Essa intensidade emocional do carnaval pode ser canalizada para atitudes boas ou ruins, e nessa época as pessoas estão mais expostas a comportamentos de risco. De acordo com Eduardo Calbucci, uma ação impulsiva pode trazer consequências para a vida toda, como uma DST. O consumo de alguma substância desconhecida também pode deixar as pessoas vulneráveis e, por isso, expostas a alguma situação de abuso. “Medir tudo isso, entendendo o risco de estar vulnerável, pode nos ajudar a ligar na cabeça uma espécie de alarme, que nos avisa quando estivermos passando do limite. ”
A melhor forma de orientar os jovens para se divertirem no carnaval e serem responsáveis é incentivar uma reflexão acerca do arrependimento que atitudes impulsivas podem trazer. “Essa é uma pergunta que deve ser feita: ‘eu posso me arrepender disso depois?’. Se a resposta for afirmativa, é um bom sinal para reavaliar a situação”, diz Calbucci. Esse estímulo pode ser feito também pelos pais, considerando que proibições e cobranças dificultam o amadurecimento do jovem, diminuindo o desenvolvimento da autonomia. “É importante dizer que não dá para voltar atrás numa decisão errada, mas você pode tentar diminuir os efeitos negativos gerados por ela”, ressalta.
Programa estruturado - Dentro do Programa Semente, iniciativa que desenvolve habilidades socioemocionais em escolas de todo o Brasil, a tomada de decisões responsáveis e o autocontrole estão dentro dos cinco domínios principais trabalhados entre crianças e adolescentes. Segundo Calbucci, estudos mostram que jovens e adolescentes que foram submetidos ao ensino das emoções estão muito mais preparados para tomar boas decisões. “Eles desenvolvem autocontrole e entendem que essas emoções mais intensas podem prejudicar a capacidade de fazer boas escolhas”, diz o educador.
Entre as atividades do Programa, o exercício da empatia ajuda para essa tomada de decisão responsável. “Uma pergunta que a gente faz muito dentro do Programa Semente é: ‘se você tivesse um amigo ou amiga na mesma situação, o que você diria para ele? ’. Provavelmente o que você diria é o que você acha que é correto, então por que você não segue o próprio conselho? “, conclui.
Sobre o Programa Semente (www.programasemente.com.br) – Com uma abordagem moderna e inovadora, o Programa Semente está presente em escolas brasileiras contribuindo para o desenvolvimento socioemocional de alunos e educadores. A partir de um material escrito por educadores, médicos e psicólogos, sua metodologia possibilita que sejam trabalhadas em sala de aula questões como sociabilidade, autoconhecimento, autocontrole, empatia e decisões responsáveis, entre outras habilidades, cada vez mais presentes no mundo do trabalho e nas principais avaliações internacionais de educação. Desta forma, o Programa Semente contribui para a alfabetização emocional.
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