Celular e tablets para crianças: como encontrar o limite entre a distração e a necessidade
DIVERSOS
Publicado em 05/06/2019

 

Um levantamento feito pelo Comitê Gestor da Internet aponta que 80% das crianças com idade entre 9 e 17 anos fazem uso da internet. Até aí tudo bem. O problema é que, segundo essa pesquisa, 21% das pessoas dentro dessa faixa etária deixam de comer ou de dormir por causa da web.

Nesse contexto, especialistas entendem que o desafio dos pais é encontrar um equilíbrio para saber dosar essa exposição às telas e evitar, por exemplo, o atraso do desenvolvimento de habilidades de linguagem e sociabilidade, sem deixar os filhos isolados dos avanços tecnológicos.

“A tecnologia tem as suas vantagens. Existem aplicativos que são usados para criança que têm dificuldade de aprendizado. Mas temos que nos atentar para as desvantagens. As crianças estão em fase de amadurecimento e podem ter dificuldade para controlar as emoções. Por consequência, a criança se torna impulsiva e com baixa resistência à frustração”, explica a coordenadora clínica do Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC), Aline Frasson.

Esse cuidado já é tomado pela bancária Gisele Cavados, de 39 anos. A mãe da Olívia, de cinco anos, e do Henrique, de três, conta que os filhos têm horários específicos para pegar o celular ou o tablet. “Geralmente é um pouquinho antes do almoço e também depois do jantar, à noite. Não mais do que isso”, comenta.

Mesmo estabelecendo limites, Gisele entende que os filhos vivem em um período de constante evolução e que Olívia e Henrique precisarão ter afinidade com as novas tecnologias. “Não tiro totalmente o celular por isso. Porque eu acho que é importante para eles terem acesso a esse mundo de transformação digital que a gente está vivendo agora”, afirma.

Fora de casa

Dentro do ambiente doméstico é mais fácil manter o controle dos filhos em relação ao uso de aparelhos eletrônicos. No entanto, há o questionamento sobre como agir quando a família vai almoçar fora ou passar o dia no parque, por exemplo.

Gisele encontra essa dificuldade, principalmente quando o ambiente não disponibiliza espaços para as crianças se entreterem. “Fora de casa eu dou uma aliviada nesse controle, porque há lugares que você vai almoçar ou jantar que não têm uma brinquedoteca, não têm uma pintura para a criança e ela realmente fica entediada”, esclarece.

Para a terapeuta Aline Frasson, a solução é simples. “Levar outros materiais, lápis de cor, livrinhos, papéis para fazer desenhos, ajudar a criança a estimular mais aquele ambiente. Que os pais ajudem a criança a desenvolver outras habilidades importantes, não só ficar ali no celular, o que é mais fácil.”

Pais como exemplo

Aline Frasson afirma que o comportamento dos pais quanto ao uso do celular, também reflete na importância que os filhos dão aos aparelhos. Ela orienta que os pais sejam modelos e imponham limites a si mesmos. “Às vezes os pais ficam no computador, no celular no tablet e não proveem a atenção e a disponibilidade para o filho, num momento que seria importante”, destaca.

Apesar de se considerar uma pessoa “viciada” no celular, Gisele conta que evita usar o aparelho enquanto está com o as crianças. “Aquele comportamento compulsivo mesmo, de você ficar em frente à tela, eu tento me distanciar", explica.

“Eu pego eles na escola e já coloco o celular de lado. No máximo olho para ver se tem uma mensagem importante, alguma notificação. Mas não fico, de fato, navegando enquanto estou com eles. Acho que é importante a gente saber administrar isso também”, afirma a mãe.



(*) Agência do Rádio Mais/ Jornal Leopoldinense

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