O governo Federal já investiu, este ano, aproximadamente 22 milhões de reais no método Wolbachia, nome da bactéria utilizada para impedir novos casos de dengue, Zika e chikungunya. Trata-se de uma iniciativa global de combate às doenças transmitidas por mosquitos e que, no Brasil, é coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz. O pesquisador Luciano Moreira, responsável por trazer o método para o Brasil, explica o que é a Wolbachia.
“É uma bactéria que vive dentro de células, é muito comum na natureza. Cerca de 60% de todos os insetos do mundo tem naturalmente a Wolbachia, mas ela não está presente no Aedes aegypti, apesar de estar presente em outras espécies de mosquitos, como o pernilongo comum. A grande descoberta veio com um estudo mostrando que, quando o Aedes aegypti tem a Wolbachia, ele vem reduzir muito a capacidade de transmitir tanto dengue, como Zika e, também, a chikungunya.”
Para que possa ajudar a combater a dengue, os Aedes aegypti com Wolbachia criados na Fiocruz precisam ser liberados na natureza. Eles vão se reproduzir com os mosquitos e gerar uma população de Aedes com a capacidade reduzida de transmitir as doenças.
Este método está presente em 12 países e é liderado pelo World Mosquito Program. Aqui no Brasil, as atividades começaram em 2012 e as primeiras cidades a receber os mosquitos com Wolbachia foram Rio de Janeiro e Niterói, em 2015. O projeto agora entra em expansão e vai chegar em Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).
A vantagem do Método Wolbachia é que ele é seguro, natural e autossustentável. Ele é seguro porque não faz mal a natureza, nem a humanos ou animais. Natural porque não envolve modificação genética. E autossustentável porque depois de algumas semanas de liberação, o mosquito continua transmitindo a Wolbachia para seus filhotes.
“A ideia do método é fazer uma série de liberações de mosquitos a cada semana, por cerca de 16 a 20 semanas em uma determinada localidade. Então, ao liberar esses mosquitos contendo a bactéria, eles vão cruzar com os mosquitos locais e a fêmea do mosquito passa, através dos ovos, para todos os seus descendentes. Então, com o tempo aquela população vai ser toda substituída por mosquitos que contenham a Wolbachia.”
Luciano Moreira ressalta que a medida inovadora é complementar às demais ações de prevenção, portanto a população deve manter os esforços para o combate e o controle do mosquito.
“Em todas as nossas ações, tanto com os municípios, no dia a dia, com os agentes de saúde, com a população, nós enfatizamos muito essa necessidade de as pessoas... Tem aquela campanha de 10 minutos, né? Se você olhar no seu quintal 10 minutos durante a semana para verificar se tem algum criadouro de mosquito, isso tem que ser descartado. O que a gente quer é ter menos mosquitos e os mosquitos que tiverem que sejam “Wolbito”, que a gente chama, que é o mosquito com a Wolbachia.”
E você? O que fez para combater o mosquito hoje? Faça a sua parte e fiscalize possíveis criadouros que possam acumular água como garrafas, vasos de flores, caixas d’água e baldes. Para mais informações, acesse: saude.gov.br/combateaedes.
Fonte: Jornal Leopoldinense