Celebrada geralmente em família, ao redor da mesa farta, e marcada também pela troca de ovos de chocolate, a Páscoa, este ano, promete significado especial, já que, em função do isolamento imposto pela pandemia da Covid-19, será vivida por muitos de maneira mais intimista. Sinônimo de renascimento, trará à tona reflexões importantes – e necessárias – sobre nos aproximarmos mais de nós mesmos e, assim, renovados, fortalecermos vínculos com os outros.
Acostumada a celebrar a Semana Santa conforme os ritos da igreja católica, a advogada Tathiana de Souza Pedrosa Duarte, de 40 anos, por exemplo, adaptou a rotina. Garante, porém, que a celebração, embora diferente, terá significado especial para ela, o marido e os dois filhos.
“Vai ser bem difícil não vivenciar como gosto, participando de celebrações, de procissões e vigílias. Mas acredito que a coincidência entre o tempo litúrgico e o físico, lá de fora, levará muita gente a se voltar para dentro, buscando conversão e arrependimento”, pontua.
Para a psicóloga cognitivo comportamental Eveline Frade, embora o movimento de voltar-se para si possa ser doloroso para alguns, trata-se de um primeiro passo importante para deixar o “modo de funcionamento automático”, acelerado e irreflexivo, e escolher uma forma diferente de se portar no futuro.
“É algo que, não necessariamente acontece em função da data festiva, mas devido ao contexto de pandemia, que pode propiciar, em algumas pessoas, mudanças que coadunam com o real significado da data: a renovação”, explica.
Fortalecimento e fé
Colega de profissão, a psicóloga sistêmica familiar Daniela Salum acredita que o Domingo de Páscoa trará à tona a importância do fortalecimento da fé e da construção de uma nova realidade.
“Vivemos um momento de passagem, de novas descobertas, um novo mundo se abrindo. Uma coisa é pensar no fim de semana de churrasco, de almoço na casa da vovó. Mas a Páscoa é celebração. É um pouco doído, mas, sim, é hora de ressignificar o mundo, as coisas, uma vida inteira”, sugere.
Pastor titular na Igreja Batista Getsêmani Missão Planalto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, Peterson Clay França, também acredita na data como ponto de partida para quem ainda não se viu transformado pelas mudanças que vêm acontecendo no mundo.
“A pandemia oportuniza um maior convívio familiar. Nesta data, as famílias estarão juntas como há muito não estavam. Será um novo ciclo, uma passagem para maior proximidade, doação de amor e fortalecimento da esperança”, afirma o pastor Pett, como é conhecido.
Valorização da vida
Pároco na Paróquia Santa Clara de Assis, no bairro Buritis, região Oeste de BH, padre Jorge Alves Filho também acredita que o fim de semana de celebrações terá um significado diferente, para além do valor comercial que costumamos dar à data já há muitos anos.
"Páscoa precisa significar a possibilidade de refletirmos sobre a beleza da vida, valorizando a nossa existência e a do outro. Quantas pessoas por causa da pandemia perderam a vida... É, portanto, momento de agradecer. Após a vivência dessa pandemia, temos tudo para sair melhores, refeitos, com mais saúde, sobretudo, familiar”, afirma.
Fonte: Hoje em Dia