Passageiros ignoram risco de viagem sem máscara no transporte por aplicativo
DIVERSOS
Publicado em 30/07/2020

 

Tem passageiro de transporte por aplicativo desrespeitando medidas de prevenção à Covid-19 em Belo Horizonte. Motoristas que atuam nas plataformas relatam que usuários sem máscara são comuns no dia a dia, mesmo com a escalada de casos da doença e das mortes Brasil afora. Com medo, parte dos condutores até recusa viagens de clientes sem o Equipamento de Proteção Individual (EPI). Porém, outra parcela alega não poder sequer se dar a este “luxo”, por temer uma perda financeira ainda maior após a retração da demanda pelo serviço devido à pandemia. 

É o caso de Luís Fernando Costa, de 39 anos. Há três rodando para os apps, ele sente maior dificuldade nas corridas à noite. “Cerca de 70% dos passageiros que atendo estão sem a proteção. Como dizer que não vou levar? Se eu barrar todo mundo, volto para casa até mesmo sem o dinheiro para a gasolina”.

Receio de queda na renda também tem Wagner Oliveira, de 47. Recentemente, um homem chegou a entrar no veículo, com a irmã, sem a máscara. O passageiro sentou no banco da frente, ao lado do motorista. “Falei que enquanto não passasse para trás eu não daria a partida. Todo dia, umas quatro pessoas chamam o aplicativo e estão sem máscara. Quando peço para colocar, vejo que estava no bolso”.

Uber, Cabify e 99 afirmaram que o motorista pode recusar a corrida, sem punição, do usuário que não estiver usando máscara. Todos os três aplicativos garantiram ter adotado medidas para garantir a segurança dos condutores e passageiros

Cenas semelhantes colocam em risco tanto o motorista quanto o próprio passageiro, destaca o imunologista Eduardo Finger, da Care Plus. “Há possibilidade de o vírus ficar no ar e ir se acumulando em ambientes fechados. Havendo alta concentração (desses organismos), qualquer pessoa acaba se contaminando”.

O médico, que também atua no Hospital Oswaldo Cruz, ressalta que, além do uso das máscaras, as janelas devem permanecer abertas quando no carro estão mais de dois ocupantes. A medida possibilita a “diluição” das partículas.

Eduardo Finger destaca que, em São Paulo, há punição para condutor de veículo por app e usuários sem o EPI. Em BH, a multa é válida apenas para o usuário do transporte público coletivo.

É justamente para fugir de ônibus lotados que mais pessoas estão recorrendo aos aplicativos, acredita Jonathan Winter, de 34. “Estou rodando desde o primeiro dia de pandemia. No início, não transportava quase ninguém. Agora, já há um aumento expressivo. São pessoas indo trabalhar”, diz.

Divisória acrílica surge como reforço na proteção

Há dois anos e meio trabalhando por meio de aplicativos de transporte de passageiros, Frederico Glauss, de 46 anos, aposta em um conjunto de medidas para se proteger do novo coronavírus. Além da máscara e do álcool em gel, há duas semanas instalou uma divisória acrílica, separando condutor e passageiro.

“De cada 20 clientes, dois estão sem máscaras. Recuso a corrida e nunca fui punido por isso. Sou do grupo de risco e o cuidado tem que ser redobrado”, diz.

Apelar para a proteção acrílica também está nos planos de Yuri Eugênio de Paula, de 23 anos. “Sempre peço para colocar (passageiro). Vejo que há muita ignorância por aí”.

O imunologista Eduardo Finger afirma que a divisória é eficaz no combate, desde que seja feita a higieni-zação, com detergente comum, sabão, água sanitária ou álcool. “Mas esse último desgasta a transparência com o tempo e fica difícil enxergar. (O coronavírus) não é supervírus, é fácil matá-lo. Mas precisa dos cuidados adequados”. 

 

 

Fonte: Hoje em Dia

 

 

 

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