Desigualdades persistem: mulheres representam menos de 50% das contratações em relação aos homens
DIVERSOS
Publicado em 13/10/2020

 

O início da retomada das atividades econômicas no Estado, com o arrefecimento da pandemia do novo coronavírus, ainda mostra a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia, em julho e agosto foram admitidas 84.208 mulheres no Estado, menos da metade das ocupações geradas para os homens no mesmo período: 174.375. Também nesses dois meses, um dos destaques foi a contratação de jovens com idade entre 18 e 24 anos, com a geração de 76.299 postos de trabalho.

Os empregos, no entanto, mais que dobraram em relação a abril, no início da pandemia. Para as mulheres, as admissões saltaram de 20.327 naquele mês para 44.481 em agosto. Já a absorção de homens no mercado de trabalho, no mesmo período, passou de 43.771 para 90.680. 

As maiores oportunidades para as mulheres em julho e agosto foram verificadas nos segmentos de serviços (40.976), comércio (22.583) e indústria (14.919). Houve ainda a geração de 3.079 postos de trabalho na construção civil e 2.651 na agropecuária.

Mesmo com o crescimento das oportunidades de ocupações para as mulheres, a operadora de caixa Eliane Francesca de Moura, de 42 anos, que mora no bairro União, em Belo Horizonte, ainda sofre na pele as desigualdades no mercado de trabalho. “Já cansei de entregar currículo em supermercados e farmácias. Agora, na pandemia, é que não consegue emprego mesmo. Se passou dos 35 anos de idade, como é o meu caso, está fora do mercado de trabalho”, enfatiza.

Eliane Francesca conta que está perdendo as forças de ir em busca de uma oportunidade de trabalho. Desempregada desde 2016, a situação se agravou durante a pandemia do novo coronavírus. “Há uma discriminação em relação à mulher. As empresas olham se você mora muito longe, quantas passagens você paga, a sua aparência, se é casada, se tem filhos”, conta a operadora de caixa, que mora com a mãe, que recebe por mês meio salário mínimo. “Se não fosse o auxílio emergencial do governo e a cesta básica da prefeitura, estaríamos perdidas”, conta.

A assistente da Unidade de Inteligência do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas (Sebrae-Minas), Gabriela Martinez, salienta que houve uma grande evolução em relação às mulheres no mercado de trabalho, mas que ainda há um preconceito histórico e estrutural em relação ao público feminino que ainda precisa mudar muito. No entanto, avalia que essas discrepâncias no mercado podem estar ligadas às próprias características das vagas, mais destinadas ao público masculino. “Lideraram as contratações em julho e agosto as vagas de alimentador de linha de produção, com 7.500 empregos, e servente de obra, com 5.300”, explica.

Mesma opinião tem a diretora de Monitoramento e Articulação de Oportunidades de Trabalho da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), Amanda Siqueira Carvalho. “Um fator que pode explicar essa diferença (de contratações de homens e mulheres) é que a abertura de postos de trabalho está concentrada em ocupações nas quais as empresas tendem a contratar em maior parte homens, o que reflete uma desigualdade de gênero”, avalia. 

Ela aposta, no entanto, que, passado o pior da crise, o mercado mantenha a tendência de contratações de mulheres, como se verificou com mais intensidade nos segmentos de comércio e serviço em julho e agosto.

 

 

Fonte: Hoje em Dia

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