Segundo uma prima que falou com a reportagem da rádio pública francesa RFI, mas preferiu não se identificar, Simone - que foi ferida a faca e morreu num restaurante quase em frente à catedral, onde tentou se abrigar - estava na França havia 30 anos e deixou três filhos.
Um dos proprietários do restaurante l’Unik, onde Simone chegou completamente ensanguentada, Brahim Jelloule, falou à TV France Info, ainda em estado de choque.
“Ela atravessou a rua, toda ensanguentada, e foram meu irmão e um dos nossos funcionários que a resgataram, a colocaram no interior do restaurante, sem entender nada, e ela dizia que havia um homem armado dentro da igreja", disse.
O irmão de Jelloule e o funcionário chegaram a entrar na igreja, mas viram o homem armado com uma faca, foram ameaçados pelo terrorista e saíram correndo. Foram eles que chamaram a polícia. Segundo Jelloule, Simone morreu uma hora e meia depois de ter sido ferida. O atentado ocorreu às 9h da França (6h da manhã em Brasília).
Muçulmano, Jelloule se diz chocado com o atentado: “Isso não é o Islã. Eu conheço o Corão de cor, e não é isso que ele prega”, disse.
Segundo a prima que conversou com a RFI, a família só foi avisada de que Simone era uma das vítimas às 18h30 da França (14h30 de Brasília).
O Itamaraty divulgou uma nota oficial na qual repudia o ataque e lamenta a morte da brasileira. O texto diz que "o Presidente Jair Bolsonaro, em nome de toda a nação brasileira, apresenta suas profundas condolências aos familiares e amigos da cidadã assassinada em Nice, bem como aos das demais vítimas, e estende sua solidariedade ao povo e Governo franceses".
O Itamaraty informou ainda que, por meio do Consulado-Geral em Paris, "presta assistência consular à família da cidadã brasileira vítima do ataque terrorista".
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se manifestou em seu perfil em uma rede social. "Profundo pesar pela morte de uma brasileira de 44 anos, mãe de três filhos, ocorrida hoje em Nice, na França, uma das três vítimas fatais do brutal atentado cometido por um terrorista na Basílica de Nossa Senhora", escreveu.
Simone celebrava Yemanjá na França
Nascida no Lobato, na Cidade Baixa, no subúrbio de Salvador, Simone Barreto tinha nacionalidade francesa e formação de cozinheira, mas atualmente trabalhava como cuidadora de idosos.
Segundo membros da Ala Mulheres na Resistência da Lavagem da Madeleine, evento cultural brasileiro que acontece há 19 anos em Paris, Simone e suas irmãs “participaram da Ala em 2019, mas não vieram este ano por causa da Covid-19”.
Além disso, Simone era agitadora cultural em Nice e organizou, com suas irmãs e primas, a Festa de Yemanjá na cidade.
Fonte: G-1