A cantora Vanusa morreu aos 73 anos na madrugada deste domingo, dia 8, na casa de repouso onde vivia há mais de dois anos em Santos, no Litoral de São Paulo. De acordo com a assessoria de imprensa da cantora, um enfermeiro da unidade de saúde percebeu, por volta das 5h30 da manhã, que ela estava sem batimentos cardíacos. Uma equipe da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foi acionada e constatou insuficiência respiratória como a causa da morte.
Ainda de acordo com representantes da cantora, Vanusa recebeu a visita da filha mais velha, Amanda, no último sábado. ''Ela cantou, brincou, riu, se alimentou bem'', informou a nota divulgada na manhã deste domingo.
Vanusa não aparecia em público desde 2017, quando foi internada em uma clínica psiquiátrica para tratar uma depressão que a levou ao vício em calmantes. Há cerca de um ano, a cantora foi diagnosticada com Alzheimer. Em entrevista ao EXTRA em agosto de 2020, sua filha, a ex-apresentadora infantil Aretha Marcos, contou que a mãe havia perdido a capacidade de raciocínio e não a reconhecia mais.
— Minha mãe não tem mais cognitivo (que significa a perda da memória e dificuldade de raciocinar). Ela assistiu à minha reportagem na TV e não entendeu nada. Não tem mais como conversar com ela — disse Aretha, à época.
Vanusa Santos Flores nasceu em 22 de agosto de 1947, na cidade de Cruzeiro, estado de São Paulo, porém foi criada em Uberaba e Frutal, em Minas Gerais. Aos 16 anos, se tornou vocalista do conjunto Golden Lions. Em uma das apresentações foi ouvida por Sidney Carvalho, da agência de propaganda Prosperi, Magaldi & Maia, que a convidou para ir a São Paulo.
Em 1966, durante os últimos anos do movimento cultural Jovem Guarda, Vanusa se apresentou no programa "O bom", de Eduardo Araújo, na extinta TV Excelsior, em São Paulo. Em seguida, ela foi contratada pela RCA Victor e ganhou fama com a canção "Pra nunca mais chorar", escrita por Eduardo Araújo e Carlos Imperial. O sucesso a fez participar do programa "Jovem guarda", da TV Record, em suas duas últimas edições.
Em 1968, Vanusa gravou seu primeiro álbum, estreando ainda como compositora em três canções, uma delas em parceria com David Miranda. Cinco anos depois, em seu quarto LP, já como contratada da gravadora Continental, lançou seu maior sucesso: "Manhãs de Setembro", composta em parceria com Mário Campanha. Em 1975, lançou outro hit: "Paralelas", uma composição de Belchior. Em 1977, protagonizou ao lado de Ronnie Von a telenovela "Cinderela 77", da Rede Tupi.
Ao longo da carreira, Vanusa gravou 23 discos e vendeu mais de três milhões de cópias. A cantora também representou o Brasil em vários festivais internacionais e recebeu cerca de 200 prêmios. Por dois anos seguidos foi eleita a Rainha da Televisão.
Em 1997, publicou sua autobiografia: "Vanusa - A vida não pode ser só isso!", pela editora Saraiva. Em 2005, participou de vários concertos comemorativos aos 40 anos da Jovem Guarda.
Em 1999, depois de cinco anos sem gravar e apresentando-se apenas eventualmente, Vanusa estreou no musical "Ninguém é Loira por Acaso", escrito e produzido pela jornalista Léa Penteado, de quem é amiga desde os anos 70, em São Paulo. No musical autobiográfico, Vanusa interpretou seus sucessos e incentivou as mulheres a não abdicar dos seus sonhos. "Eu mesma estou realizando um, que é o de ser atriz", comentou Vanusa, que também atuou em "Hair", em 1973. Ela chegou a ouvir do Altair Lima "que nunca mais deveria deixar o teatro".
Em 2015, lançou seu primeiro álbum de canções inéditas em 20 anos: "Vanusa Santos Flores", produzido por Zeca Baleiro. A cantora foi casada duas vezes: com o músico Antônio Marcos, com quem teve as filhas Amanda e Aretha, e com o ator e diretor de televisão Augusto César Vannucci, pai de Rafael Vannucci.