O G1 buscou dados dos 27 estados, mas obteve resposta de 15. Com exceção do Amazonas, todos possuem alguma quantidade de testes em estoque. Entre esses estados, São Paulo (SP), Goiás (GO), Paraná (PR), Rio Grande do Sul (RS) e Rio Grande do Norte (RN) responderam que não podem garantir que será possível usar todos antes do fim do prazo, mas somente em um destes estados - o Rio Grande do Norte - o problema apontado foi a falta de insumos.
No caso do RN, o problema apontado é que os testes disponíveis não são compatíveis com a tecnologia de processamento disponível no estado. Segundo a secretaria, os testes "não se adequam aos kits de extração manual adquiridos pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública)". O estado aguarda definição do Ministério da Saúde.
A situação nos estados é diferente dos 7 milhões de testes estocados pelo Ministério da Saúde, já que o material que está sob guarda do governo federal não chegou a ser distribuído e não tem previsão imediata de uso. Nesta quarta-feira (25), em audiência na Câmara, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia Medeiros, disse que o prazo de validade pode ser ampliado em 4 meses.
No Paraná, a capacidade de processamento é de 5 mil, o que, em tese, garante o uso de todos os testes antes do vencimento. Entretanto, os responsáveis dizem que não é possível garantir que a quantidade diária de testes seguirá essa média.
Já no Rio Grande do Sul há quase 32 mil testes perto do vencimento, e as autoridades de saúde relatam que estão consultando o Ministério da Saúde sobre o uso com o período de validade estendido.
Durante audiência na Câmara nesta quarta, o Ministério da Saúde diz que a pasta possui apenas cerca de 600 mil kits para fazer a análise dos resultados. E há um processo em andamento para aquisição de mais 8 milhões de kits de análise.
O consultor técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) Leonardo Vilela manifestou preocupação com a falta dos insumos para análise num momento em que a curva de contágio da doença tem aumentado. Ele alertou que o estoque de 600 mil "não dá para três semanas".
"Esse estoque que está nos estados, em condições normais, não dá para 3 semanas. E a nossa preocupação é que seja garantido um fluxo dos exames. Nos preocupa o descasamento entre os insumos para extração e os de amplificação. Temos uma diferença de 10 vezes. Não adianta nada. Se não tiver insumo para extração, o exame não será feito. Isso num momento em que há um claro aumento de casos, que já se reflete num aumento de óbitos", disse Vilela.