O secretário de Saúde do município de Serra do Navio, a 203 quilômetros de Macapá, Randolph Antônio Pinheiro da Silva, virou alvo nesta quinta-feira (21) de um inquérito instaurado pelo Ministério Público (MP) do Amapá para apurar se ele usou o cargo para ser vacinado contra a Covid-19.
O secretário recebeu a dose na terça-feira (19), um dos primeiros na localidade. Pelas redes sociais, ele chegou a contestar eficiência do imunizante em outubro e em dezembro de 2020.
Em nota, o MP detalhou que a promotora Thaysa Assum de Moraes, que atua na Promotoria de Justiça de Pedra Branca do Amapari, instaurou o inquérito e determinou que, ao ser notificado, o secretário tem 48 horas para encaminhar nome, critério e qualificação de cada pessoa vacinada no município até momento.
A promotora suspeita que ele tenha infringido ordem de prioridade de vacinação. Ela ainda deve questionar se a esposa do secretário também recebeu indevidamente a imunização.
À Rede Amazônica, afiliada da TV Globo no Amapá, Randolph disse, por telefone, que toda a equipe de frente do combate à Covid-19 foi vacinada em Serra do Navio e que tomou a vacina porque se considera linha de frente. Ele também disse que vai prestar todos os esclarecimentos ao Ministério Público.
Em relação à mulher dele também ter se imunizado, Randolph explicou que ela é assistente social, pós-graduada em saúde da criança e que trabalha na prefeitura na equipe de saúde que atende pacientes com Covid-19. Ele disse, ainda, que depois que a vacina foi aprovada pela Anvisa e de ele ter recebido recomendações médicos, mudou de opinião no que diz respeito às críticas que havia feito ao imunizante.
Com uso emergencial aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 6 milhões de doses importadas da vacina CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, começaram a ser distribuídas pelo país.
Serra do Navio recebeu 89 doses. O secretário de saúde foi um dos que receberam a 1ª aplicação. Nesta primeira etapa da vacinação, conforme os planos Estadual e Nacional de Imunização, só podem ser vacinados profissionais de saúde da linha de frente de combate à Covid-19, indígenas e idosos que estão em instituições de repouso e asilos.
Enfermeira Kátia Regina Marinho de Araújo foi a primeira vacinada contra a Covid-19 no Amapá, na terça-feira (19) — Foto: Victor Vidigal/G1
MP investiga ato de improbidade
O MP ressalta que, se for constatado o ilícito, o caso pode configurar ato de improbidade, além de crime do artigo 268 do Código Penal, que prevê a responsabilização criminal daquele que pratica infração de medida sanitária preventiva.
“É notória a insuficiência das doses da vacina da Covid-19 para imunização da população como um todo e por isso as autoridades públicas instituíram a ordem de prioridades. Caso sejam constatados os fatos noticiados, o Ministério Público velará pela restauração da legalidade e responsabilização dos envolvidos”, frisou a promotora.
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Scooth atua no cargo desde o início da pandemia da Covid-19. Pelas redes sociais, ela informou que é do grupo de risco por ser bariátrico, cardíaco, e em novembro de 2020 ele escreveu que testou positivo para a Covid-19, mas que foi assintomático no período em que ficou infectado com o novo coronavírus.
Também foi pela internet que ele questionou a eficácia da vacina CoronaVac, produzida em laboratório na China.
Em outubro de 2020, Scooth compartilhou uma publicação que comentava que os chineses não tomaram a vacina, mas que eles queriam que os brasileiros tomassem, e escreveu "Vacina da China deixa eles tomarem.... Esse povo não mandou nada que preste para o mundo". No entanto, os chineses foram imunizados com a CoronaVac.
Em outro post, no dia 30 de dezembro de 2020, ele escreveu: "Envenena o povo e vende a vacina. Da pra acreditar?", se referindo à China, onde foi confirmado o primeiro caso de Covid-19, decorrente do SARS-CoV-2, o novo coronavírus.