Por engano, 46 pessoas recebem vacina contra Covid no lugar de dose contra a gripe no interior de SP
DIVERSOS
Publicado em 16/04/2021

 

Um engano fez com que 46 pessoas recebessem a vacina contra Covid-19, a Coronavac, no lugar da dose contra gripe em um posto de vacinação de Itirapina (SP), interior de São Paulo, na terça-feira (13). Entre os vacinados, estão 18 adultos - sendo duas gestantes - e 28 crianças, de 1 a 5 anos.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Itirapina, o erro foi percebido durante o controle do estoque das vacinas, na quarta-feira (14), quando foi notada a falta de 46 doses da Coronavac (leia mais abaixo).

Em Diadema, na Grande São Paulo, outras cinco crianças foram vacinadas nesta semana contra o coronavírus após um erro numa Unidade Básica de Saúde. As crianças têm entre sete meses e quatro anos de idade e deveriam ter sido imunizadas contra a gripe.

Compara os frascos das vacinas  — Foto: Amanda Paes/Arte G1

Compara os frascos das vacinas — Foto: Amanda Paes/Arte G1

 

O infectologista Bernardino Souto diz que ainda não há estudos clínicos suficientes para determinar os efeitos da Coronavac em crianças e gestantes e que, por isso, os pacientes que tomaram a vacina por engano devem ser monitorados clinicamente.

 

"É adequado manter essas pessoas sob monitoramento ao longo de algumas semanas ou meses para verificar alguma ocorrência que possa ser relacionada à vacina. No caso das gestantes, é adequado que também seja feito com os recém-nascidos", avalia o infectologista.

 

 

  • Vacina contra a Covid para crianças: entenda como os laboratórios testam a imunização nos pequenos
  • Técnica enviou frascos para local errado

     

    De acordo com a Prefeitura de Itirapina, uma técnica de enfermagem enviou erroneamente frascos da Coronavac para o local onde está ocorrendo a campanha de vacinação contra gripe (influenza), na Escola José Cruz. A técnica que aplicou as doses foi afastada do cargo.

    A campanha de imunização contra a gripe começou na segunda-feira (12). Para não causar conflito com a imunização contra a Covid, a 1ª etapa , que geralmente começa pelos idosos, foi destinada este ano a crianças maiores de 6 meses e menores de 6 anos, gestantes, puérperas, povos indígenas e trabalhadores da saúde.

    Mães de crianças ficaram preocupadas

     

    Carteirinha de criança de 1 ano e 10 meses consta a primeira dose da Coronavac — Foto: Reprodução EPTV

    Carteirinha de criança de 1 ano e 10 meses consta a primeira dose da Coronavac — Foto: Reprodução EPTV

    Entre as crianças vacinadas está Pedro, de apenas 1 ano e 10 meses. A mãe dele, Jéssica Aparecida Santos Conduta, conta que, na manhã desta quinta-feira (15), foi chamada para ir à Vigilância em Saúde e informada sobre a troca das vacinas. Desesperada, ela ligou para a pediatra pedindo ajuda.

    “Por ser a Coronac, ela acredita que não haverá reações, mas que eu tenho que observar e passar tudo para ela. Ela me orientou para que eu não fizesse nenhum tipo de exame por fora”, afirmou.

    A compradora Taíza Favaro também ficou preocupada quando soube que o filho de 2 anos tomou a vacina errada. Ela disse que a Vigilância em Saúde quer marcar a segunda dose da vacina para o garoto, mas ela tem receio.

    "Eu entrei em contato com a pediatra e ela orientou a não tomar a segunda dose porque a vacina é contraindicada para crianças", contou.

     

    Prefeitura afirmou não haver riscos

     

    Produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, CoronaVac é um dos imunizantes contra a Covid-19. — Foto: Instituto Butantan/Divulgação

    Produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, CoronaVac é um dos imunizantes contra a Covid-19. — Foto: Instituto Butantan/Divulgação

    A Secretaria de Saúde de Itirapina comunicou à Vigilância Epidemiológica de Piracicaba sobre a falha e solicitou orientações sobre as medidas a serem adotadas.

     

    “Todas as providências para a segurança dessas pessoas foram tomadas e, segundo orientação dos médicos especialistas consultados, o fato não traz riscos para a saúde dos envolvidos”, afirmou a Prefeitura de Itirapina, por meio de nota.

     

    Ainda segundo a prefeitura, todos os vacinados foram informados pessoalmente, e a Secretaria de Saúde disponibilizou uma equipe médica para avaliação e orientação, com acompanhamento por 14 dias, das pessoas envolvidas.

    Nesta quinta-feira (15), 26 pessoas passaram por atendimento médico, entre elas a gestante. No caso das crianças, a avaliação e as orientações foram feitas por uma pediatra.

    “É importante salientar que até o momento nenhuma anormalidade foi detectada”, afirmou a prefeitura.

     

    Secretaria de Saúde apura responsabilidades

     

    A Secretaria de Saúde informou que as providências na apuração de responsabilidades, na área administrativa e legal, estão sendo tomadas.

    O Instituto Butantan informou que não recebeu qualquer notificação sobre o caso em questão no seu setor de farmacovigilância.

    Segundo o instituto “conforme indicado em bula, a vacina é indicada para indivíduos com 18 anos ou mais e não há conclusões científicas até o momento de segurança ou eficácia da vacina na população pediátrica ou em gestantes”.

    O Butantan orienta que em casos como o ocorrido em Itirapina, as vigilâncias municipais acompanhem e coletem informações individuais das gestantes e das crianças expostas, solicitando que busquem orientação imediata nos serviços de saúde caso apresentem algum evento adverso e que, neste caso, não tomem a segunda dose do imunizante.

    Também é recomendável que essas pessoas vacinadas erroneamente com a Coronavac aguardem por 14 dias antes de se vacinarem contra a gripe.

    A Secretaria Estadual de Saúde informou que é responsabilidade dos municípios monitorar eventos adversos e seus pacientes.

    O Ministério da Saúde disse que irá se informar sobre o caso antes de se pronunciar.

     

    Fonte: G-1.

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